Em meio a protestos, Câmara de SP aprova reforma da previdência

Projeto determina o aumento da contribuição dos servidores públicos, de 11% para 14%, e cria previdência complementar para novos trabalhadores do setor público

© Divulgação

Economia Por 33 a 17 votos 26/12/18 POR Folhapress

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quarta-feira (26), em segunda votação, a reforma da previdência dos servidores municipais, uma das principais bandeiras do prefeito Bruno Covas (PSDB) para conter gastos com aposentadorias nos próximos anos.

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O texto, que já havia sido aprovado em primeira votação na última sexta (21), teve 33 votos a favor e 17 contra. Ele precisava de 28 votos para ser aprovado e vai agora para a sanção de Covas.

Momentos antes da votação, houve confusão e confronto entre servidores e guardas municipais, e um dos portões de acesso à Câmara foi quebrado.

Os agentes usaram bombas de efeito moral contra manifestantes, que jogaram lixo, pedras e garrafas de vidro contra os guardas e o prédio do Legislativo municipal. Em nota, a assessoria de imprensa da Presidência da Câmara afirmou que a Guarda Civil Municipal apenas reagiu aos manifestantes. 

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A aprovação da reforma já havia sido tentada por João Doria (PSDB) antes de ele sair do cargo para disputar a eleição ao governo paulista, mas sem sucesso –na ocasião, protestos de milhares de servidores levaram ao adiamento da discussão. Fernando Haddad (PT) também tentou discutir esse tema, mas acabou desistindo em meio à pressão do funcionalismo.

A proposta aprovada eleva a alíquota de 11% para 14% para os servidores e estabelece um sistema complementar para quem ganha acima do teto de aposentadoria (R$ 5.645,80) do INSS.

A previdência dos servidores na capital paulista tem um déficit estimado atualmente em R$ 6 bilhões –e que cresce cerca de R$ 700 milhões a cada ano.

Ao assumir a prefeitura, em abril, Covas disse que, sem a reforma, impostos teriam que ser aumentados.

O projeto aprovado pela Câmara deve gerar um aumento de recursos de R$ 370 milhões anualmente devido ao aumento da alíquota dos servidores. No entanto, não deve levar à eliminação do déficit no curto prazo.

Na reta final para a aprovação do texto na Câmara, Covas fez uma mudança no modelo de financiamento que abrandou parte do projeto. Com isso, membros da prefeitura admitem extraoficialmente que a reforma da previdência dará um respiro no curto prazo, mas será insuficiente no longo prazo.

Pelo sistema atual, de repartição simples, os trabalhadores da ativa custeiam os benefícios de aposentados atuais. O plano original do tucano era adotar um sistema de capitalização para os novos funcionários públicos, no qual cada um teria uma conta individual, para que a previdência fosse autossustentável no futuro, sem depender da contribuição de outros servidores.

Na prática, a mudança evitaria a necessidade de complementação de verba do poder público no futuro. Mas a gestão Covas avaliou que o custo de transição de um regime para outro seria muito alto, e que os efeitos de resolução do déficit seriam incertos.

O déficit, pelo projeto original, pararia de crescer em 2025, atingindo um ponto de equilíbrio –e só acabaria em 2092, quando não haveria mais funcionários nesse sistema.

Com a proposta mais branda, porém, sem a reestruturação do sistema, não haverá um equacionamento natural do déficit.

gestão Covas foi criticada por representantes de servidores por marcar as votações para datas próximas às festas de fim de ano. Para eles, foi uma tentativa de desmobilizar a categoria, que reuniu mais de 30 mil manifestantes em frente à Câmara em março, quando a proposta acabou adiada pelos vereadores.

A prefeitura vinha dizendo que os recursos municipais estão presos a gastos obrigatórios, sem margem para investimentos, reforçando a necessidade da reforma previdenciária.

Na semana passada, Covas chegou a enviar um substitutivo ao texto prevendo a possibilidade de usar recursos advindos de privatizações para a cobertura do rombo da previdência municipal.

A medida contrariava promessa de Doria, que prometia destinar dinheiro das desestatizações em investimentos sociais, e acabou sendo retirada pela própria base aliada de Covas.

Os recursos liberados pela reforma devem ser usados para cobrir o buraco dos gastos na saúde municipal. Nos próximos anos, pouco deve sobrar para investir em novas obras –a atual gestão se concentra em acabar as deixadas pela gestão de Fernando Haddad (PT). Com informações da Folhapress.

 

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