© Stephen Lam/Reuters
Em 2018, a política internacional, as crises migratórias e as disputas comerciais ocuparam os noticiários.
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As decisões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, repercutiram em todo o mundo, assim como o histórico encontro dele com o líder da Coreia do Norte, Kim Jon-un. A construção de um muro na fronteira do México e a separação de crianças migrantes de seus pais foram dois assuntos polêmicos que rondaram a administração Trump.
O resgate das crianças presas em uma caverna na Tailândia e a Copa do Mundo na Rússia foram dois dos assuntos mais comentados no ano. A morte de um jornalista saudita, o Acordo de Paris e os protestos que tomaram conta de cidades francesas também chamaram a atenção dos veículos de imprensa.
Um dos principais eventos diplomáticos do ano foi o encontro histórico entre o presidente norte-americano Donald Trump e o líder da Coreia do Norte, Kim Jon-un, ocorrido em junho, em Cingapura. Trump disse que os dois países estão "preparados para começar um novo capítulo na história".
Ele classificou as negociações de mais de quatro horas com Kim Jong-un como "honestas, diretas e produtivas", depois de ter assinado um acordo histórico. A Coreia do Norte se comprometeu a desnuclearizar, enquanto os Estados Unidos ofereceram ao regime de Pyongyang "garantias de segurança".
Apesar do encontro, recentemente, as autoridades da Coreia do Norte advertiram que as sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos ao país pode levar ao “bloqueio das negociações para a desnuclearização da Península Coreana”.
A disputa comercial dos Estados Unidos com a China também marcou o ano de 2018. No início de dezembro, a China expressou sua confiança de que chegará a um acordo comercial com os EUA e ressaltou que a reunião entre o presidente chinês Xi Jinping e o chefe de Estado americano, em paralelo ao G20, em Buenos Aires, foi "muito bem-sucedida".
A construção de um muro na fronteira com o México também continuou na pauta da política norte-americana assim como a questão dos imigrantes que querem entrar nos EUA, como as caravanas de centro-americanos que tentaram chegar ao território norte-americano.
Atualmente, parte dos serviços do governo dos EUA está paralisado depois que o Senado norte-americano não chegou a um acordo que atendesse a exigências de Trump relacionadas à construção do muro.
A política do presidente Trump de tolerância zero com a imigração ilegal levou à separação de mais de 2 mil crianças de suas famílias ao cruzarem ilegalmente a fronteira entre México e Estados Unidos.
À época, pelo menos 51 crianças brasileiras foram separadas dos pais na tentativa de chegar aos Estados Unidos.
Depois de muita pressão doméstica e internacional, Trump assinou um decreto executivo que pôs fim à separação das famílias. O decreto, no entanto, só se aplica a novos casos.
Em 2018, a principal rede social do mundo, o Facebook, se envolveu em muitas polêmicas. Em outubro, o órgão regulador de informação do Reino Unidos multou a empresa em £ 500.000 (R$ 2,3 milhões) pela violação da privacidade de usuários no escândalo do vazamento de dados para a empresa de marketing digital britânica Cambridge Analytica.
Em março, reportagens de jornais no Reino Unido e nos Estados Unidos revelaram um vazamento de dados de 87 milhões de pessoas coletados no Facebook por meio de um aplicativo de perguntas, que foram posteriormente repassados à Cambridge Analytica. Munida dessas informações, a empresa teve papel decisivo na eleição de Donald Trump e na saída do Reino Unido da União Europeia, no processo conhecido como Brexit.
A empresa também divulgou que 29 milhões de usuários da rede social foram afetados por uma invasão de hackers identificada no dia 25 de setembro, que resultou no acesso a dados e informações desses perfis. A vulnerabilidade explorada pelos invasores foi corrigida.
A mais recente polêmica foi divulgada no dia 19 de dezembro pelo jornal The New York Times que revelou que o Facebook deu acesso a dados pessoais dos usuários da plataforma a dezenas de empresas tecnológicas. O jornal norte-americano diz que a rede social permitiu o acesso a esses dados sem que as empresas tivessem que cumprir regras de privacidade. O Facebook afirmou que não permitiu o acesso à informação sem o consentimento das pessoas.
O acordo final do Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) estabelecido com Bruxelas pela primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, não será submetido à votação no Parlamento britânico antes do recesso natalino.O Parlamento ficará fechado de 21 de dezembro até 6 de janeiro para as festas de Natal e Ano Novo, o que significa que o acordo só poderá ser analisado a partir de 7 de janeiro.
O governo se comprometeu a apresentar um texto para votação na Câmara dos Comuns antes de 21 de janeiro de 2019. O período de transição negociada para que o país saia do bloco europeu ocorrerá entre 29 de março de 2019 e o final de 2020.
Em 23 de junho, milhares de pessoas foram às ruas do centro de Londres para pedir um segundo referendo sobre a saída do Reino Unido da UE. A data marcou o segundo aniversário da consulta na qual britânicos decidiram deixar o bloco europeu.
Além do Brexit, os britânicos acompanharam o casamento do príncipe Harry, sexto na linha de sucessão ao trono do Reino Unido, com a atriz americana Meghan Markle na capela de São Jorge, no Castelo de Windsor, nos arredores de Londres.
Na Tailândia, em julho, o resgate de 13 adolescentes, de 11 a 16 anos, e do professor deles, de 26 anos, presos durante duas semanas em uma caverna emocionou todo o mundo.
Eles entraram nas galerias para tentar escapar da chuva, depois de um treino de futebol e foram surpreendidos com tempestade que inundou o local e impediu a saída.
Um dos eventos mais aguardados do ano foi a Copa do Mundo da Rússia. A seleção brasileira comandada por Tite saiu da competição nas quartas de final quando foi derrotada pela Bélgica.
Um dos grandes destaques do campeonato foi a Croácia que chegou à final do Mundial contra a França – atual campeã do mundo após vencer a partida por 4 a 2.
Graças ao desempenho no torneio, o croata Luka Modric foi eleito o melhor jogador do mundo meses depois.
Essa também foi a Copa do VAR. Um dos destaques do Mundial, a tecnologia de arbitragem de vídeo estreou em Copas, reverteu decisões do árbitro em campo e veio para ficar. “Hoje é difícil pensar em Copa do Mundo sem VAR”, afirmou o presidente da Fifa, Gianni Infantino.
A morte do jornalista Jamal Khashoggi, visto pela última vez no início de outubro, ao entrar no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, para pegar documentos, também chamou a atenção da imprensa. Khashoggi escrevia para o jornal The Washington Post e era forte crítico à monarquia saudita.
Depois de várias informações contraditórias, no dia 19 de outubro, a Justiça saudita admitiu que Khashoggi morreu em uma "briga" dentro do consulado, e ordenou a detenção de 18 suspeitos.
A Turquia pediu que a Arábia Saudita providenciasse a extradição dos 18 suspeitos do assassinato, para que fossem julgados pelos tribunais turcos.
Já o chanceler saudita, Adel al-Jubeir, classificou a repercussão internacional à morte do jornalista como histérica. “As pessoas estão culpando a Arábia Saudita antes de se completar a investigação", disse Adel al-Jubeir. Ele reiterou que seu país deixou "muito claro" que investigará o caso, que compartilhará os resultados das investigações e punirá os responsáveis "para assegurar que isso não aconteça novamente".
Miguel Díaz-Canel foi eleito presidente de Cuba pela Assembleia Nacional, em abril, em substituição ao general Raúl Castro, que se retirou do poder após 12 anos.
Essa foi a primeira vez em seis décadas que o comando de Cuba foi passado a um político que não carrega do sobrenome Castro.
Na França, uma onda de protestos tomou as ruas de Paris e de outras cidades por vários finais de semana. Convocada por redes sociais, a manifestação pedia inicialmente a suspensão do reajuste do imposto sobre combustíveis, mas rapidamente se tornou uma mobilização contra as políticas econômicas do presidente Emmanuel Macron.
Os manifestantes ganharam o nome de "coletes amarelos" por usarem uma jaqueta fluorescente obrigatória nos carros da França para o caso de acidente. Depois do atentado de Estrasburgo, o governo francês pediu uma trégua ao movimento, mas não foi ouvido e os manifestantes ocuparam as ruas de cidades francesas pelo quinto sábado consecutivo.
A instabilidade política atingiu vários países das Américas, como a Nicarágua, a Venezuela e o Peru. As motivações giram em torno de políticas autoritárias e medidas antidemocráticas a denúncias de corrupção e desvio de conduta. Nas ruas, manifestantes saem em defesa da democracia.
Na Nicarágua, o presidente Daniel Ortega usa do poder e da força para conter as manifestações nas ruas das principais cidades do país. Denúncias de violações são constantes além de assassinatos, torturas e desaparecimento de pessoas.
A estudante brasileira Rayneia Rocha foi morta no caminho entre o hospital e sua casa, em Manágua.
Na Venezuela, reeleito para mais seis anos de mandato, o presidente Nicolás Maduro busca controlar um país duramente atingido pelas crises econômica, social e política. Ele assiste milhares de venezuelanos deixarem para trás suas histórias por falta de perspectivas, alimentos, emprego e possibilidades de avanços.
No Peru, o então presidente Pedro Pablo Kuczynski renunciou, em março, para escapar do processo de impeachment em que era denunciado por suposta compra de votos de congressistas e recebimento de propina.
A Colômbia e o México elegeram novos presidentes. O ex-senador Iván Duque, candidato da direita, foi eleito na Colômbia.
No México, a esquerda chega ao poder na maior e mais violenta eleição da história do país. Andrés Manuel Lopez Obrador, conhecido como AMLO, foi eleito.
Imigrantes fugindo da fome, perseguição política e falta de perspectivas viajaram por todos os continentes oriundos principalmente da Síria, do Sudão do Sul, República Centro Africana, Nigéria, Etiópia, Somália e Senegal. Além dos latino-americanos, como venezuelanos, hondurenhos, salvadorenhos, nicaraguenses e guatemaltecos.
Ao chegar nos lugares de destino, esbarram em políticas internas de restrições e muitas vezes em mortes, como a do menino, de 8 anos, que morreu no Novo México. Esse foi o segundo caso de morte de criança migrante sob a custódia dos Estados Unidos - o que obrigou as autoridades do país a reverem procedimentos na fronteira.
Na Europa, países como Holanda e Hungria adotam medidas restritivas. Na Alemanha, cresce a força ultranacionalista de extrema direita.
Os principais líderes mundiais, que participaram da Cúpula do G20 (que reúne as maiores economias do mundo), na Argentina, em dezembro, defenderam na declaração final a irreversibilidade do Acordo de Paris, firmado por várias nações com o compromisso de adoção de medidas para atenuar os impactos do aquecimento global. Os termos desse acordo enfrentam resistência de líderes de países como Estados Unidos, China e Índia.
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) indicou que pretende propor, via Itamaraty, mudanças ao Acordo de Paris.
O presidente da França, Emmanuel Macron, reiterou sua defesa à execução de medidas para minimizar os impactos do aquecimento global, previstas no Acordo de Paris, mas evitou atritos diretos com o presidente eleito do Brasil. A afirmação ocorreu depois de o francês condicionar as negociações de um acordo comercial entre União Europeia e Mercosul ao cumprimento do Acordo de Paris.
“Não me compete me pronunciar aqui sobre as intenções de Bolsonaro. Sobre as intenções dele, compete ao presidente Bolsonaro, quando quiser esclarecer as coisas. O que eu disse de minha parte é que a França não apoiará acordo com quem não respeita o Acordo de Paris.”
2018 foi mais um ano sangrento e marcado por atentados terroristas.
No Afeganistão, em abril, quase 60 civis, a maioria xiitas, foram mortos e 119 ficaram feridos em um atentado suicida na capital Cabul.
Dias depois, um duplo atentado no centro de Cabul matou 25 pessoas, nove delas jornalistas, enquanto 49 ficaram feridas. Os dois ataques foram reivindicados pelo Estado Islâmico.
Em julho, pelo menos 15 pessoas morreram e 60 ficaram feridas em um atentado suicida perto do aeroporto internacional de Cabul, onde minutos antes havia aterrissado o avião no qual retornava do exílio na Turquia o vice-presidente afegão e antigo senhor da guerra, Abdul Rashid Dostum.
Ainda no Afeganistão, o grupo terrorista Estado Islâmico reivindicou a autoria de um ataque contra uma escola em um bairro de maioria xiita de Cabul, que deixou em agosto pelo menos 34 mortos e 56 feridos.
Pelo menos 32 pessoas morreram e outras 128 ficaram feridas em setembro em um ataque suicida durante uma manifestação para pedir a demissão de um comandante da polícia na província de Nangarhar, no leste do país.
No oeste do Paquistão, pelo menos 128 pessoas morreram e 122 ficaram feridas em um atentado a bomba causado por um terrorista suicida durante um comício eleitoral na província do Baluchistão, em julho.
No mesmo mês, pelo menos 31 pessoas morreram e outras 20 ficaram feridas em um atentado suicida perto de um colégio eleitoral na cidade de Quetta, em ataque no dia de eleições gerais no Paquistão.
Um atentado no Irã deixou 25 mortos, além de 60 feridos, em setembro. O atentado contra um desfile militar na cidade de Ahvaz, no sudoeste do país foi reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico, mas as autoridades iranianas responsabilizaram o movimento separatista árabe Alahvazie.
Em outubro, um estudante matou 19 pessoas e feriu outras 40 na cidade de Kerch, na península da Crimeia, em um ataque com bomba na escola técnica onde estudava. Ele se suicidou em seguida, segundo o Comitê de Instrução da Rússia. O ataque aconteceu no Instituto Politécnico de Kerch, um dos mais prestigiados da cidade. O autor do massacre, identificado como Vladislav Rosliakov, de 18 anos, chegou ao centro de ensino com duas mochilas e armado com uma escopeta.
No final de outubro, atentado ocorrido em uma sinagoga na Pensilvânia, nos Estados Unidos, deixou 11 mortos e seis feridos. O crime ocorreu por volta das 10h (11h em Brasília) quando Rob Bowers, que foi detido, entrou no templo da Congregação da Árvore da Vida em Pittsburgh e começou a atirar e a gritar: "Todos os judeus devem morrer!".
Na França, em dezembro, um atentado a um mercado de Natal de Estrasburgo deixou três mortos. A polícia informou que matou o suspeito.
O ano de 2018 foi marcado por uma série de tragédias naturais, como incêndios, tsunamis, erupções vulcânicas, inundações, terremotos e tempestades de areia que deixaram mortos, feridos, desalojados e tristeza generalizada em todos os continentes. Os mais recentes foram registrados na Indonésia, um tsunami que matou mais de 400 pessoas, e o terremoto na Itália que desalojou 600 pessoas.
Na Califórnia, em novembro, o maior incêndio da história do estado mobilizou equipes de resgate e de combate ao fogo por dias. Pelo menos 76 pessoas morreram e foram devastados 59,9 mil hectares.
Nas Américas, o vulcão Fuego, na Guatemala, matou mais de cem pessoas e deixou vilas inteiras sob cinzas e lama vulcânica. Os paraísos turísticos da Grécia foram atingidos por incêndios que destruíram florestas e tiraram a vida de 79 pessoas. Houve ainda inundações no Japão, furacões na Carolina do Norte e Carolina do Sul, nos Estados Unidos, deixando um rastro de mortes e feridos. Com informações da Agência Brasil.