Reforma e controle de gastos são núcleo da agenda de ministro

Ainda não se sabe se isso está claro para os mais de 57,7 milhões de brasileiros que elegeram Bolsonaro

© iStok / Jirapong Manustrong

Economia Promessa 02/01/19 POR Folhapress

O controle de gastos e a necessidade de uma reforma da Previdência formam o núcleo das promessas feitas pelo homem forte na área econômica do governo Jair Bolsonaro, o superministro Paulo Guedes.

PUB

Ainda não se sabe se isso está claro para os mais de 57,7 milhões de brasileiros que elegeram Bolsonaro, mas as mudanças na área econômica devem começar por aí.

Nas poucas vezes em que falou, tanto durante a campanha quanto após o resultado das urnas, Guedes foi enfático ao identificar os gastos públicos como os grandes responsáveis por corromper gradualmente a ordem política e estagnar a economia - na contramão de economistas chamados de desenvolvimentistas, que veem os investimentos do governo, por exemplo, como ferramenta crucial para alavancar a economia.

+ O que esperar de Guedes à frente da Economia?

Na perspectiva de Guedes, é o excesso de governo que impede o progresso econômico do Brasil, país cujos indicadores de desigualdade, a despeito dos avanços obtidos pelo menos até 2014, se mantêm entre os piores do planeta.

Aos 69 anos, Paulo Guedes tem doutorado pela Universidade de Chicago, instituição que se tornou o símbolo do liberalismo e lugar de formação de parte de sua equipe.

Guedes costuma brincar que, no início dos anos 2000, era possível contar nos dedos os economistas brasileiros com viés abertamente liberal, ou seja, que defendiam o Estado mínimo, privatizações e carga tributária reduzida, entre outros pontos.

Hoje, como já disse Salim Mattar, dono da locadora Localiza e escolhido para chefiar a secretaria das privatizações, o "primeiro liberal desde Roberto Campos" chegou ao comando da economia.

Morto em 2001, Campos foi ministro do Planejamento do general Castelo Branco, um ícone liberal e avô de Roberto Campos Neto -nome de Guedes para comandar o Banco Central numa escolha marcada por simbologia.

Para Guedes, após 30 anos de governos de centro-esquerda - ele inclui aqui de José Sarney a Michel Temer, passando por FHC, Lula e Dilma Rousseff -, o mandato de Jair Bolsonaro será "uma aliança de centro-direita, conservadora nos costumes e liberal na economia, controlando gastos públicos", disse Guedes em novembro, durante Congresso do MBL em São Paulo.

+ Bolsonaro assina decreto que fixa salário mínimo em R$ 998

O diagnóstico é claro do ponto de vista econômico, prosseguiu. "É um governo que gasta 45% do PIB [Produto Interno Bruto], cobra impostos altíssimos, encargos trabalhistas e previdenciários também. O Brasil está sufocado, asfixiado", afirmou.

Algumas falas do ministro, como a que descreve as agruras do empresário brasileiro, já são bastante conhecidas.

"Aqui, o empresário brasileiro tem uma bola de ferro na perna direita, que são os juros altos, uma bola de ferro na perna esquerda, que são os impostos, e um piano nas costas, que são os encargos sociais e trabalhistas. E ainda ouve: corre porque o chinês vai te pegar", costuma dizer, geralmente em meio a risos e aplausos da plateia para a qual se apresenta.

Quando Guedes discorre sobre o alto desemprego brasileiro -hoje, mais de 12 milhões de pessoas estão desempregadas-, o empreendedorismo é sempre lembrado como uma ama importante nesse combate. "A palavra-chave é empreendedorismo criando empresas e empregos."

Com uma próspera carreira na área bancária, Guedes costuma explicar a parceria inusitada com Bolsonaro como "o encontro da ordem com o progresso" – o primeiro passo para romper o processo de estagnação da economia.

+ Novo governo quer criar 'Uber' no transporte de carga

O passo seguinte, diz ele, é mudar o jeito de fazer política.

"Sem ter nenhum compromisso político amarrado, como é que você faz um governo?", questionou a plateia do MBL naquela noite de novembro. "Está implícita nisso uma reforma do nosso jeito de fazer política."

A governabilidade, disse ele, será, em primeiro lugar, temática -algo visto por críticos com certo ceticismo.

Chances para testar a fórmula não faltarão.

Levantamento da Folha de S. Paulo mostra que nove das dez principais propostas sugeridas pela equipe de Guedes dependem de aprovação dos parlamentares. Temas como a reforma da Previdência e a tributária e a desvinculação do Orçamento. Apenas a abertura comercial da economia estaria fora dessa dinâmica. Com informações da Folhapress.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

economia Dinheiro Há 13 Horas

Entenda o que muda no salário mínimo, no abono do PIS e no BPC

tech Aplicativo Há 13 Horas

WhatsApp abandona celulares Android antigos no dia 1 de janeiro

brasil Tragédia Há 7 Horas

Sobe para 14 o número desaparecidos após queda de ponte

mundo Estados Unidos Há 14 Horas

Momento em que menino de 8 anos salva colega que engasgava viraliza

fama Condenados Há 22 Horas

Famosos que estão na prisão (alguns em prisão perpétua)

fama Realeza britânica Há 6 Horas

Rei Chales III quebra tradição real com mensagem de Natal

brasil Tragédia Há 14 Horas

Vereador gravou vídeo na ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira pouco antes de desabamento

fama Emergência Médica Há 14 Horas

Gusttavo Lima permanece internado e sem previsão de alta, diz assessoria

brasil Tragédia Há 13 Horas

Mãe de dono da aeronave que caiu em Gramado morreu em acidente com avião da família há 14 anos

fama Hollywood Há 9 Horas

Autora presta apoio a Blake Lively após atriz acusar Justin Baldoni de assédio