© Reuters
No início da manhã, moradores ainda reviravam os restos de entulho queimados pelo fogo, em busca de algum pertence. De acordo com Francisco Luciano Lima, presidente da Associação da Comunidade Tiro ao Pombo, a maioria das famílias passou a noite acordada, já tentando limpar o local e pensando na reconstrução dos barracos. Ele conta que a comunidade existe há quase dois anos.
PUB
Edinalva de Souza Silva, 50 anos, diarista, relata o desespero vivido nesta quarta-feira. “Começou o fogo, a gente saiu, porque a vida é mais importante. A gente conseguiu tirar minha sogra de 76 anos. Os bombeiros salvaram meu cachorro. Vinha um fogo, um vapor, um desespero. Estou sem dormir até agora”, disse. A diarista reivindicou das autoridades “moradia digna” às pessoas daquela comunidade. E acrescentou: “recebemos colchão, cesta [de alimentos], mas para cozinhar onde?”.
A auxiliar de limpeza Ledijane Bezerra da Silva, 19 anos, estava trabalhando na hora do incêndio e não conseguiu salvar nenhum pertence “Tem muita gente precisando de muita coisa no momento. Não tenho roupa para vestir, não tenho para onde ir. Perdi minhas coisas no fogo, não tenho parente nenhum em São Paulo”. Ledijane, que veio da Bahia para São Paulo há um ano, morava sozinha no barraco.
Os moradores fazem um apelo por doações, que estão sendo recebidos na própria comunidade, localizada em uma entrada da Rua José da Natividade Saldanha, altura do número 1. “As pessoas podem trazer roupas, sapatos, comidas, material de construção. Precisamos de tijolo, telha, precisamos de tudo. Estamos recomeçando, precisamos de móveis”, disse Francisco Lima.
Segundo a Defesa Civil, o terreno ocupado pertence à prefeitura. O presidente da Associação da Comunidade Tiro ao Pombo reivindica que o espaço seja destinado a construção de moradias populares. A Secretaria Municipal de Habitação ainda não se pronunciou sobre esse pedido.