© Isac Nobrega/PR
A entrada do PSL na chapa de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na disputa pela presidência da Câmara provocou desconforto entre outros partidos que vinham conversando sobre eventual apoio à reeleição do deputado no comando da Casa, em fevereiro.
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Com 32 deputados eleitos, o PSB, por exemplo, aguarda uma manifestação pública de Maia sobre qual o efeito político do ingresso do PSL. O líder da sigla na Câmara, Tadeu Alencar (PSB-PE), quer uma garantia de que não haverá submissão à pauta do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
"Tem impacto o que aconteceu ontem [quarta-feira (2)]? Óbvio que tem. É o partido do presidente da República. Estamos avaliando até onde vai este impacto. Rodrigo apressou o jogo.
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Não sei se a estratégia é a mais adequada, vai movimentar todo mundo", disse Alencar nesta quinta (3).
O deputado afirmou que o PSB ainda não tomou uma decisão sobre quem apoiar na disputa na Câmara. Inclusive, um de seus integrantes, JHC (AL), é pré-candidato disposto a enfrentar Maia nas urnas.
JHC disse que levará sua candidatura adiante independente da posição que seu partido resolva tomar na semana que vem, quando deve se reunir.
"Este de voto de cabresto nos novatos, acredito, não vai funcionar. A renovação foi muito grande. É precipitado dizer que algum partido está fechando apoio", afirmou.
A decisão do PSB pode ter impacto ainda maior, já que o partido integra um bloco composto por duas outras siglas -PDT e PC do B- que, juntas, terão 37 deputados.
O PT, maior bancada da Câmara, com 56 deputados eleitos, está dividido entre o discurso ideológico e o pragmatismo de ter espaço na Mesa Diretora e no comando ou relatoria de diversas comissões.
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Uma ala do partido teme repetir o que aconteceu em 2015, quando apoiou a fracassada candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) e acabou ficando sem cargos na Mesa Diretora apesar de ser a maior bancada (69 deputados).
"A posição da bancada é de negociar com todos os candidatos para ter espaço na Mesa e nas comissões", disse Carlos Zarattini (PT-SP).
Adversário de Maia, o atual vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (MDB-MG), tenta minimizar a importância dos postos na Mesa Diretora na intenção de murchar a principal moeda de troca de Maia para atrair aliados.
"Sou vice-presidente e posso dizer: quando você fala em composição de Mesa, só o presidente é quem manda. O resto não manda em nada", disse Fábio Ramalho.
Além disso partidos do centrão têm reclamado que Maia tem oferecido a mesma vaga para mais de um aliado.
O MDB (34 deputados) e o PP (37) ainda não deixaram claro que caminho vão seguir na disputa de 1º de fevereiro.
A declaração de apoio do PSL à candidatura de Maia deu dor de cabeça também ao partido de Bolsonaro, que se desdobrou para explicar a adesão depois que alguns integrantes da sigla haviam sustentado discurso contra o que chamam de "velha política".
O presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), disse que é questão de governabilidade que o partido tenha a presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), mas negou que a negociação de apoio à reeleição de Maia tenha envolvido troca de favores.
Segundo ele, o atual mandatário da Câmara se comprometeu a dar à sigla do presidente Jair Bolsonaro a presidência da comissão mais importante da Casa e cargo na Mesa Diretora em troca dos 52 votos da legenda.
"CCJ não é um cargo, é uma comissão que faz parte da governabilidade, não é um emprego", afirmou Bivar, ao ser questionado se a negociação não vai contra o discurso de "nova política" adotado pelo presidente em sua campanha.
O presidente da legenda falou após reunião com 17 parlamentares eleitos da bancada, que é a segunda maior da Casa e tem pretensões de chegar a ser a primeira com mudanças de deputados. Com informações da Folhapress.