Câmara aprova medidas para reabrir governo, mas sem dinheiro para muro

Sem o dinheiro para o muro, o plano deve morrer no Senado, onde os republicanos ainda detêm maioria

© REUTERS/Carlos Barria

Mundo EUA 04/01/19 POR Folhapress

Na primeira disputa de poder com o presidente Donald Trump, a nova maioria democrata da Câmara dos Deputados americana aprovou, na noite desta quinta-feira (3), um pacote de medidas voltadas a reabrir o governo federal, paralisado parcialmente há 13 dias.

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Em desafio ao republicano, porém, o plano não contempla os US$ 5 bilhões necessários para financiar o muro que ele quer construir na fronteira com o México para tentar conter o fluxo migratório para os Estados Unidos. Trump já reiterou que vetará qualquer legislação que não inclua os recursos.

Foram aprovadas duas medidas separadas. Uma inclui dinheiro para financiar temporariamente o Departamento de Segurança Doméstica nos níveis atuais até 8 de fevereiro, dando tempo para que democratas e republicanos continuem as negociações sobre o financiamento ao muro. A medida recebeu 239 votos a favor e 192 contrários.

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Outra proposta, aprovada por 241 votos a 190, financiaria os departamentos de Agricultura, Interior e outros até 30 de setembro, quando termina o atual ano fiscal.

Sem o dinheiro para o muro, o plano deve morrer no Senado, onde os republicanos ainda detêm maioria. Para ser aprovado, precisaria de 60 votos -o partido do presidente tem 53 dos 100 assentos.

"O que nós estamos pedindo que o presidente Trump e os republicanos do Senado façam é dizer sim como resposta", afirmou Nancy Pelosi, eleita mais cedo como a nova presidente da Câmara. "O presidente não pode manter funcionários públicos reféns porque ele quer ter um muro."

O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, tachou o pacote de "teatro político". "O Senado não vai considerar nenhuma proposta que não tenha chance real de passar nessa casa e de receber a assinatura do presidente. Não vamos perder tempo."

Horas antes da votação, Trump fez uma aparição surpresa na sala de imprensa da Casa Branca, na primeira vez que o presidente esteve no local. A jornalistas, ele voltou a defender que era necessário liberar dinheiro para construir o muro na fronteira com o México.

"Sem muro, não pode haver segurança na fronteira", afirmou, ao lado de oficiais responsáveis pelo patrulhamento da área e por fiscalização migratória.

Trump e líderes democratas devem se reunir nesta sexta para retomar as negociações sobre o muro, em nova tentativa de reabrir o governo.

A paralisação parcial já provoca rachas dentro do próprio partido republicano. Dois senadores da legenda que buscam reeleição em 2020 romperam com o presidente e lideranças partidárias e defenderam que já passou da hora de resolver o impasse.

Cory Gardner, do Colorado, defendeu a aprovação de uma resolução parar reabrir o governo. "O Senado fez isso no último Congresso, deveríamos fazer o mesmo hoje", disse. Já Susan Collins, do Maine, disse não ver razão para que as legislações já aprovadas e que contam com apoio bipartidário sejam mantidas "reféns neste debate sobre segurança da fronteira."

A paralisação afeta cerca de um quarto do governo federal financiado pelo Congresso. O Pentágono e agências como o Departamento de Saúde e Serviços Humanos já têm dinheiro até 30 de setembro, por estarem sob financiamento de outras leis. Com informações da Folhapress.

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