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Dois estudos divulgados nos últimos dias indicam que a população da China deve começar a diminuir de tamanho antes do previsto. O país é o mais populoso do mundo, com 1,39 bilhão de pessoas.
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Na quinta (3), Yi Fuxian pesquisador estabelecido nos Estados Unidos na Universidade de Wisconsin-Madison, divulgou um estudo no qual estima que a população da China encolheu em 1,27 milhão em 2018.
Para chegar a este número, Yi somou estimativas do número e de nascimento e de mortes no país a partir de dados locais. Os números oficiais do país devem ser divulgados ainda em janeiro. Se a previsão de Yi for confirmada, será a primeira queda de população ao menos desde 1949.
Nos últimos meses, informações de cidades e províncias já apontavam a queda. Em Jiangsu, uma das províncias mais populosas do país, o número de nascimentos caiu 12,8% no primeiro semestre de 2018.
Na sexta (4), a Academia Chinesa de Ciências Sociais publicou um relatório no qual aponta que a população chinesa deve atingir seu ápice em 2029, com 1,44 bilhão, e começar a encolher a partir de 2030.
Um estudo da ONU, de 2017, já previa que a China passaria a encolher em 2030, mas estimava que o país chegaria a 1,44 bilhão de pessoas cinco anos antes, em 2024.
A taxa de filhos por mulher segue em torno de 1,6 e é fruto de uma forte ação de estado para conter o nascimento de crianças, que durou décadas.
Para conter o aumento da população, a China iniciou em 1979 uma política que permitia apenas um filho por casal. Famílias que descumpriam as regras eram submetidas a punições como multas pesadas, perda do emprego, abortos forçados e esterilização.
A medida foi flexibilizada a partir de 2000 e suspensa em 2015. Desde então, cada casal pode ter até dois filhos.
Depois de décadas exigindo o contrário, o governo tenta agora estimular a natalidade com propaganda, que exorta os casais a "ter filhos para ajudar o país", e medidas financeiras, como dedução de impostos que pode chegar a 12 mil yuans (R$ 6.500) por ano.
Em setembro de 2018, o governo anunciou que iria fechar escritórios de planejamento familiar e direcionar os profissionais que trabalhavam com controle de natalidade para atuar no apoio a gestantes.
Mesmo com a mudança, o número de nascimentos vêm caindo desde 2017. Foram 17,2 milhões naquele ano, contra 17,86 milhões em 2016, segundo os dados oficiais.
A falta de interesse em ter crianças é motivada por várias razões, como o maior número de pessoas vivendo em cidades, onde o custo de vida é maior. "Os pais querem prover os melhores recursos possíveis para seus filhos. Isso não será possível se tiverem vários", disse Huang Wenzheng, especialista em demografia, ao jornal estatal Global Times.
Outra razão para a queda de natalidade é o fato de jovens preferirem priorizar suas carreiras e, assim, adiarem a decisão de casar e ter filhos ou simplesmente preferirem não formar uma família.
O problema demográfico deve se agravar porque o número de mulheres em idade fértil diminuirá nos próximos anos, enquanto aumenta o percentual de idosos no país. Em 2017, a China tinha 158 milhões de pessoas com mais de 65 anos, o que representava 11,4% da população.
Com mais idosos e menos pessoas em idade de trabalhar, o país terá dificuldades para manter seu crescimento acelerado, que segue acima de 6% ao ano desde 1991.
Para Yi e Huang, a expectativa é de que governo retire neste ano o limite de dois filhos por ano e liberar as famílias para terem quantos bebês desejarem. Com informações da Folhapress.