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Mesmo com o aval dado por Jair Bolsonaro (PSL) à fusão entre Embraer e Boeing, a operação só deverá se concretizar dentro de, pelo menos, nove meses.
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Uma vez recebida a autorização do governo, o conselho de administração da companhia irá ratificar a proposta, nos próximos dias, e convocar uma assembleia de acionistas, que ocorrerá dentro de 30 dias a partir da convocação.
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Só com o aval dos acionistas é que os documentos finais da fusão poderão ser assinados pelas empresas.
Ainda assim, as companhias não poderão passar a trabalhar em conjunto de fato. Isso só ocorrerá a partir da aprovação das autoridades reguladoras no Brasil e internacionais -o que deve levar de oito a dez meses, segundo estimativa da Embraer.
A aprovação de Bolsonaro, porém, é considerada um importante passo para a operação, já que a União detém uma golden share, ou seja, uma ação especial que dá direito a veto em questões estratégicas, como a fusão.
O governo tinha até o dia 16 de janeiro para se manifestar quanto à operação, mas antecipou seu posicionamento.
A notificação sobre o negócio foi recebida pelo governo brasileiro no dia 17 de dezembro, ainda na gestão do ex-presidente Michel Temer. O prazo para análise da operação era de 30 dias e se encerraria na próxima semana.
As negociações entre Boeing e Embraer foram iniciadas há um ano. Pela proposta, a Boeing pagará US$ 4,2 bilhões aos brasileiros para formar a NewCo.
A Boeing deterá 80% desta empresa. No acordo firmado entre as duas companhias, a Embraer pode se desfazer totalmente dos 20% que deterá da chamada NewCo, a nova companhia que produzirá a atual linha de jatos regionais e desenvolverá novos modelos.
Pelos termos do acordo, as áreas de aviação executiva, defesa e segurança continuam 100% sob controle da Embraer.
Também será formada uma joint venture específica para a comercialização de novos contratos do cargueiro militar KC-390, um dos produtos mais promissores da Embraer nesse setor.
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Nessa empresa, 51% pertencerão à Embraer, e os outros 49% serão da Boeing. Em documento distribuído à imprensa após o anúncio, o governo informou que serão mantidos os empregos atuais da companhia no Brasil, assim como a capacidade do corpo de engenheiros.
O negócio já foi alvo de ações na Justiça contestando a fusão. Na quarta-feira (9), o PDT ajuizou uma ação civil pública na Justiça de Brasília para suspender a venda do controle da divisão comercial da Embraer para a Boeing.
Na Justiça Federal em São Paulo, decisões contra a fusão já foram derrubadas pelo TRF-3 (Tribunal Regional Federal).
A fusão da empresa brasileira com a Boeing era vista como essencial para que a Embraer não tivesse dificuldades no mercado mundial de aviação.
Sua maior concorrente, a canadense Bombardier, teve a linha de jatos regionais comprada pela europeia Airbus em 2017. Com informações da Folhapress.
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