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Moradora de Seropédica, na região metropolitana do Rio de Janeiro, a dona de casa Gláucia Souza Nascimento vive com Carlos Henrique há sete anos e tem uma filha de 4 anos de idade. Ela conta que já queria casar oficialmente, mas não tinha condições financeiras de bancar a cerimônia.
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“É legal porque eu já estava querendo casar há um tempo, mas não tinha como pagar e surgiu essa oportunidade, então estou realizando um sonho. A sensação de felicidade é a mesma [de como] se fosse uma cerimônia sozinha. Fui tirar a Certidão de Nascimento e o rapaz do cartório falou que tinha vaga para casar. Eu nem avisei meu noivo, só falei no dia que eu levei os papéis para ele assinar”, lembra.
Outra noiva ansiosa era a cabeleireira Maralice da Silva Pontes, de Guadalupe, zona oeste do Rio. Ela mora com José João da Silva há três anos e está grávida do primeiro filho. Para ela, oficializar a união é uma realização pessoal e para a família.
“Nós somos evangélicos, o casamento é importante para poder se consagrar na igreja. Eu soube do casamento coletivo pela internet. Liguei, marquei, eles ligaram de volta para eu levar os documentos, foi mais simples. É uma oportunidade para quem não tem muita condição financeira, foi tudo gratuito, nós não pagamos nada. É um dia de alegria para todo mundo que está aqui”.
A coordenadora do evento, Ana Carla Alcântara, diz que esta foi a primeira vez na história do Rio de Janeiro que uma cerimônia coletiva uniu oficialmente tantos casais. Ela lembrou que o casamento vai além da mera formalidade, pois envolve direitos e cidadania.
“A gente identificou a necessidade de falar para as pessoas que não é somente uma questão do papel, que é uma questão de segurança e de exercício da cidadania. A gente fez com esses casais o trabalho de explicar a importância do casamento, esclarecer a segurança que os filhos vão ter na ausência de um ou de outro, a gente vem trabalhando com eles desde junho, fazendo palestras, de educação, conscientização.”
A coordenadora de Casamentos no Departamento de Ações Pró-Sustentabilidade (Deape) do TJ-RJ, juíza Raquel de Oliveira, disse que, no ano passado, o casamento coletivo reuniu 400 casais, após a análise dos documentos e as audiências, feitas voluntariamente por 29 juízes. “Fizemos 250 audiências por sábado e por domingo em agosto, menos no Dia dos Pais."
De acordo com a juíza, o casamento garante mais direitos do que a união estável. “Os direitos não são os mesmos de quem é casado e de quem mora junto. Por exemplo, a mulher quando é casada ela mesma registra o filho em nome dela e do pai só com a Certidão de Casamento. Quando mora junto, é só ele que pode ir colocar o nome dele e, muitas vezes. a criança fica sem o nome do pai porque ele não tem tempo de ir ao cartório registrar.”
O TJRJ organiza casamentos comunitários há oito anos, para pessoas com renda familiar de até R$ 2,5 mil, que já convivem em união estável e que não têm impedimentos legais.