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A gaúcha Beatriz é uma das pessoas fotografadas pelo fotógrafo Gabriel Mestrochirico para exposição Um Novo Olhar sobre a Aids no Brasil – Uma Realidade Aumentada, lançada hoje (1º), Dia Mundial da Luta contra a Aids, na Biblioteca Nacional de Brasília. A exposição retrata o dia a dia da vida de 25 pessoas de sete estados brasileiros que convivem com a aids, em uma tentativa de diminuir o preconceito e mostrar que quem tem o vírus pode ter uma vida comum como qualquer outra.
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Na avaliação de Beatriz, que convive a 17 anos com o vírus, o preconceito já foi maior, mas a mulher que tem HIV ainda tem um rótulo de promíscua. “Além disso ainda há uma falta de informação. Muitos ainda pensam que eu posso passar a doença com um abraço ou bebendo no mesmo copo, quando na verdade precisa de muito mais que isso”. Ela estimula as pessoas a assumirem a doença porque “não é vergonha ter aids”.
Segundo Mestrochirico, foi difícil encontrar pessoas que aceitassem mostrar a cara em uma fotografia. “Muitos até toparam dar depoimento, falar sobre o preconceito, mas na hora de serem fotografados recuavam com medo de sofrerem preconceito”, diz o fotógrafo. Ele conta que os que aceitaram fazer parte do projeto, entendem que se mostrar é uma forma de dizer que a aids não tem cara.
Christiano Ramos, presidente da Ong Amigos da Vida, organizadora da exposição, constatou que ainda há quem pense que as pessoas com aids têm a aparência de doentes, frágeis. “Outro dia estavam me esperando para uma entrevista, eu cheguei, fiquei conversando de um lado e ouvi alguém perguntar cadê o aidético. Quando me manifestei a moça disse que se admirou porque eu era alto e bonito. Eles ainda acham que a aids tem uma cara, a pessoa debilitada, magrinha, verde que nem um abacate. Isso também é preconceito”.
Para Ramos, uma grande preocupação hoje é o crescimento do número de infectados entre os jovens homossexuais. “Há algum tempo a qualidade de vida e a sobrevida de quem tem aids é igual a de qualquer pessoa, mas as pessoas têm que saber que tomar um coquetel de remédios o resto da vida pode trazer efeitos colaterais. Os jovens não viram as pessoas morrerem como morriam na década de 80, quando em um mês do diagnóstico a pessoa morria. Agora é todo mundo bonito, saudável, mas isso não deve eliminar o medo de ser infectado”, ressalta Ramos.
A exposição Um Novo Olhar sobre a Aids no Brasil – Uma Realidade Aumentada fica aberta ao público de amanhã até o dia 15 de dezembro, na Biblioteca Nacional de Brasília.