Performance de exposição cancelada no Rio será realizada na rua

Apresentação critica a tortura durante a ditadura por meio da interação de duas mulheres nuas com a obra 'A voz do ralo é a voz de deus'

© Divulgação

Cultura Casa França-Brasil 13/01/19 POR Notícias Ao Minuto

Após ser cancelada pela Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, a performance que encerraria a exposição "Literatura exposta" na Casa França-Brasil, no Centro do Rio, será realizada na rua, nesta segunda-feira (14). A encenação ocorrerá na calçada, em frente ao centro cultural, às 18h.

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Por uma rede social, o coletivo És Uma Maluca convoca outros artistas para o evento: "Não vamos nos calar. Este trabalho é apenas o início de um processo que terá muitos desdobramentos e ações. Vamos realizar a performance na rua".

A apresentação critica a tortura durante a ditadura militar por meio da interação de duas mulheres nuas com a obra "A voz do ralo é a voz de deus", composta por 6 mil baratas de plástico em volta da tampa de um bueiro, do qual saem trechos de discursos do presidente eleito Jair Bolsonaro.

Para o curador da mostra, Álvaro Figueiredo, o ocorrido foi um ato de censura do governo. "Censura à exposição Literatura Exposta! Fecharam nossa exposição um dia antes da data oficial como forma de impedir que as performances da finissage acontecessem. Comuniquei com antecedência o teor das performances à direção da Casa, foi autorizado e ontem à noite enviaram esse comunicado. Esse é o governo que temos. A arte vai sobreviver aos ignorantes", escreveu no Facebook.

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O outro lado

Em nota enviada à imprensa, o secretário de Cultura e Economia Criativa, Ruan Lira, afirmou que o cancelamento foi realizado devido a um descumprimento de contrato, pois, segundo ele, a programação deste domingo não estaria incluída no acordo firmado.

"A decisão foi tomada devido ao descumprimento do contrato assinado entre as partes em 3 de julho de 2018 e que prevê o cancelamento unilateral em caso de descumprimento das obrigações estabelecidas. O referido contrato não inclui em seu objeto a programação informada para o último dia do evento. Também exige que as atividades sejam autorizadas pelo Iphan, com pedido feito com 45 dias de antecedência, o que não ocorreu - impedindo, portanto, a realização do programa agendado para este domingo", escreveu.

O governador Wilson Witzel também se pronunciou sobre o caso em sua conta no Twitter:

A Casa França-Brasil é administrada pelo Estado. Houve um descumprimento do contrato e a decisão do secretário de Cultura foi prontamente atendida. Temos que saber previamente o conteúdo a ser exibido em um local admistrado pelo Governo, como está previsto em contrato.

— Wilson Witzel (@wilsonwitzel) 13 de janeiro de 2019

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