Cidades do ABC Paulista aumentam tarifa de ônibus; grupo marca protesto

Protesto está marcado para esta quarta-feira (16), na Praça Matriz, no centro de São Bernardo

© Reuters / Paulo Whitaker

Brasil TRANSPORTE 16/01/19 POR Folhapress

"O aumento na passagem prejudica todo mundo, mas principalmente quem está desempregado", aponta o eletricista Adailton Pereira Mourão, 25. Sentado com o currículo nas mãos em um banco da Praça Castelo Branco, no centro de Diadema, na Grande São Paulo, ele está desempregado há cerca de dois anos, e procurava por trabalho nesta terça-feira (15). Foi para lá da forma que deu: a pé.

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"Já não temos dinheiro para procurar emprego e ainda tem reajuste?", questiona. No município, a passagem paga em dinheiro na catraca subiu de R$ 4,40 para R$ 4,65 no dia 6 deste mês. A alta foi de 5,6%, enquanto a inflação oficial dos 12 meses de 2018 foi de 3,59%.

Além de Diadema, São Bernardo do Campo (R$ 4,40 para R$ 4,75 - reajuste de 7,9%), Santo André (R$ 4,40 para R$ 4,75 - 6,8%), São Caetano (R$ 4,20 para R$ 4,50 - 6,8%) e Ribeirão Pires (R$ 4 para R$ 4,40 - 9%) também reajustaram o valor da cobrança nos coletivos em 2019.

Até o momento, apenas Mauá e Rio Grande da Serra não se pronunciaram sobre o acréscimo no preço das passagens na região do ABC paulista.

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Uma manifestação que pede a revogação do reajuste foi marcada para esta quarta-feira (16), na Praça Matriz, no centro de São Bernardo. O ato foi chamado pelo Comitê Regional Unificado Contra o Aumento das Passagens no ABC, coletivo criado em 2016 e formado por militantes de diversas organizações políticas e movimentos sociais.

"É um aumento que, além de ser acima da inflação, não corresponde ao atendimento prestado pelas prefeituras e à qualidade do serviço que a gente tem hoje no transporte na região", defende Anderson Lopes Menezes, 32, integrante do comitê.

O grupo realizou outras ações desde a semana passada como panfletagem e conversa com os moradores em pontos de ônibus e terminais. "Os moradores dos municípios que não tiveram aumento também sofrem com o reajuste porque trabalham ou fazem outras tarefas nas cidades vizinhas", comentou.

Ele afirma que terão protestos nas outras cidades do ABC nos próximos dias.

IMPACTO NA POPULAÇÃO

"Tenho que pegar dinheiro emprestado de parente ou vizinho para caçar serviço e não é certeza que vou encontrar. Prejudica muito esse aumento", ressalta Mourão.

Assim que perdeu o último emprego, em 2017, ele também teve a moto assaltada, que era seu principal meio de locomoção. "Quando tinha moto, saía mais em conta pagar a gasolina do que a condução."

Sobre o valor da passagem em Diadema, ele diz que o preço não é justo. "Não vale a pena. Tem pouco ônibus para muita gente. Em horário de pico é lotado, quase não dá para entrar. Se aumentou a tarifa, poderia aumentar a frota também", finalizou.

Moradora do bairro Baeta Neves, em São Bernardo, a cuidadora Edna Maria, 45, também está desempregada. Com currículo em mãos, ela descansava em uma praça no centro da cidade após caminhar cerca de 30 minutos nesta terça-feira. "Estou sem emprego há três meses e não tenho dinheiro para pagar a passagem. Entrego currículo a pé. É o jeito que dá."

PREFEITURAS DIZEM SEGUIR CONTRATOS

Em nota, a Prefeitura de Diadema informou que o aumento "é uma condição contratual e os índices são definidos pela inflação dos últimos 12 meses". Para pagamento com o cartão de ônibus da cidade, o SOU Diadema, o valor passou de R$ 4 para R$ 4,25.

A Prefeitura de Santo André, também em nota, explicou que o reajuste levou em consideração outros fatores além da inflação, "como salários dos motoristas e funcionários, demais benefícios e insumos de abastecimento da frota, que somados, mantém o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão do sistema".

No caso da administração de São Bernardo do Campo, a prefeitura afirma que a empresa concessionária solicitou reajuste para R$ 5,05, o que foi rejeitado.

"Na planilha da concessionária, foram considerados aumento das despesas, tais como elevação no óleo diesel, manutenção, consumo de pneus, elevação salarial e benefícios dos operadores", afirma a gestão."Vale destacar que, ao contrário do que acontece na capital, em São Bernardo não há pagamento de subsídio".

Questionadas pela reportagem, as gestões de Ribeirão Pires e São Caetano não se pronunciaram sobre o tema até a publicação deste texto.

O PREÇO NO ABC

Diadema

2017 - R$ 3,80 para R$ 4,20

2018 - R$ 4,20 para R$ 4,40

2019 - R$ 4,40 para R$ 4,65

Santo André

2017 - R$ 3,80 para R$ 4,20

2018 - R$ 4,20 para R$ 4,40

2019 - R$ 4,40 para R$ 4,75

São Bernardo

2017 - R$ 3,80 para R$ 4,20

2018 - R$ 4,20 para R$ 4,40

2019 - R$ 4,40 para R$ 4,75

Ribeirão Pires

2017 - R$ 3,80 para R$ 4

2018 - Sem aumento

2019 - R$ 4 para R$ 4,40

São Caetano

2017 - R$ 3,70 para R$ 4

2018 - R$ 4 para R$ 4,20

2019 - R$ 4,20 para R$ 4,50

Com informações da Folhapress.

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