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Edições falsas do jornal americano The Washington Post com a notícia falsa de que o presidente Donald Trump estava deixando o cargo foram distribuídas na manhã desta quarta-feira (16) em Washington.
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A informação, que começou a circular em redes sociais, foi confirmada por reportagem do próprio Post, que disse que os exemplares, com a data de 1º de maio de 2019, estavam sendo distribuídos em "múltiplos locais" da capital, incluindo na frente da Casa Branca e na estação de trem Union Station.
A publicação falsa continha histórias contra o presidente, que também podiam ser encontradas num site que imitava o do jornal verdadeiro - ao tentar acessar a página, o antivírus alerta para a possibilidade de exposição ao phishing, tentativa de hackers obterem dados pessoais de usuários de internet.
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As edições falsas tinham como manchete a expressão "Unpresidented", em uma história inventada que dizia que Trump havia deixado uma carta de renúncia em um guardanapo no Salão Oval e trocado Washington por Yalta, resort localizado na Crimeia e usado, durante a Segunda Guerra Mundial, como ponto de encontro de líderes aliados.
A notícia falsa continuava dizendo que a saída abrupta havia sido uma resposta a protestos em massa liderados por mulheres no país inteiro. Segundo o Post, pode ser um indício de que o jornal falso seria, na verdade, uma peça para promover uma manifestação de mulheres marcada para este sábado nos EUA.
Em vez da frase "A democracia morre na escuridão", que aparece abaixo do logo do Post verdadeiro, a publicação falsa trazia a frase "A democracia acorda na ação". O jornal falso continha ainda um manual com estratégias para tentar destituir o presidente americano do cargo.
Em uma rede social, o departamento de relações públicas do Post alertou para a existência das edições falsas do jornal sendo distribuídas na região central da cidade. "Nós estamos cientes de um site tentando imitar o do Post. Esses não são produtos do Post, e nós estamos averiguando."
No final da manhã, diz o jornal, o grupo Yes Men (Sim Homens), que se autodenomina ativista coletivo trapaceiro, afirmou que produziu os jornais e colocou o site no ar.
Um comunicado postado pelo grupo afirmou que os autores Onnesha Roychoudhuri e L.A. Kauffman teriam criado a publicação falsa. "E é qualquer coisa menos distante. Nós já estamos vendo níveis sem precedentes de protestos e resistência. Agora nós só precisamos nos perguntar: o que vem a seguir? Esse jornal oferece um modelo para nos ajudar a reclamar nossa democracia."
"O jornal é uma fantasia", afirmou Kauffman no comunicado. "Mas tem suas raízes na realidade e estudos. Nossas histórias são construídas na resistência a Trump no mundo real e em visões sobre como pessoas comuns podem retirar um líder inadequado."
Em outra rede social, o grupo ativista liberal Code Pink postou um vídeo na página mostrando a fundadora, Medea Benjamin, distribuindo cópias da publicação falsa no que parece ser o prédio do Capitólio, onde fica o Congresso americano.
No vídeo, ela aparece dizendo que Trump deixou a Casa Branca e complementa: "você tem que acreditar no The Washington Post."
Procurada pelo Post, ela não respondeu aos pedidos de comentários. O grupo é conhecido pelos protestos que interrompem audiências no Congresso.
Em redes sociais, alguns usuários alertavam para a distribuição dos exemplares falsos. Ian Kullgren, repórter do site Politico, marcou o jornal verdadeiro e escreveu que o Post "poderia querer lidar com a senhora distribuindo cópias falsas do Post fora da Union Station."
"Eu tentei explicar a ela por que isso é problemático, mas ela não estava acreditando." Com informações da Folhapress.