© Reuters
Entre 600 e 800 pessoas estavam próximas do local onde um oleoduto da empresa estatal Petróleos Mexicanos (Pemex) explodiu no fim da tarde dessa sexta-feira (18). Informada pelo secretário de Defesa do México, Luis Cresencio Sandoval, a estimativa é de um oficial que patrulhava a região e que tentou convencer o grupo a afastar-se do local pouco antes do início do incêndio que causou a explosão. O número de mortos já chega a 66.
PUB
Militares foram acionados pela estatal petrolífera por volta das 17h (horário local), após técnicos da empresa constatarem a variação da pressão no duto – indício de vazamento. Segundo Sandoval, quando chegou ao quilômetro 226, nas redondezas da cidade de Tlahueplilpan, no estado de Hidalgo, os militares se depararam com centenas de pessoas recolhendo parte do combustível que vazava do duto.
+ Acidente envolvendo dois ônibus mata pelo menos 22 pessoas na Bolívia
“O oficial tentou evitar que as pessoas se aproximassem do duto, tentando-o convencê-los do perigo. Além de fazerem pouco caso, algumas pessoas ficaram agressivas. O oficial, então, se viu forçado a retirar-se, evitando uma confrontação. Enquanto isso, mais gente continuava chegando e o vazamento aumentava”, disse o secretário de Defesa em entrevista coletiva da qual participaram o presidente Lopez Obrador, o governador de Hidalgo, Omar Fayad, e outras autoridades.
O oficial relatou que, além de carregarem recipientes cheios de gasolina, muitas pessoas tinham as roupas encharcadas por combustível. Além de 66 mortos ainda não identificados, as autoridades mexicanas contabilizavam, até as 17h de hoje (19), 76 feridos, sendo 73 do sexo masculino (incluindo sete adolescentes e um garoto de 12 anos) e três do sexo feminino. Os feridos estão sendo atendidos em hospitais de Hidalgo e de estados vizinhos. Grupos de resgate continuam vasculhando o local da explosão, distante cerca de 100 quilômetros da Cidade do México.
Huachicoleo
O furto de gasolina é um crime comum no México, a ponto de ter popularizado o termo huachicoleo e levado o governo federal a implantar um plano de combate à prática que, hoje, o presidente Lopez Obrador garantiu que será mantido e reforçado. Durante a entrevista coletiva, Obrador exibiu imagens de outros dois episódios em que centenas de pessoas foram flagradas furtando combustível de dutos petrolíferos. Os dois registros foram filmados com uma diferença de poucos dias, em diferentes localidades do país.
+ Trump volta a criticar México por 'não fazer nada' para travar caravana
“Ainda que doa, temos que seguir com o plano e acabar com o roubo de combustíveis e com essas práticas. Não vamos nos deter. Vamos erradicar isso”, declarou Obrador, afirmando que o furto de combustível coloca em perigo não só a segurança dos envolvidos, mas também a das comunidades próximas e do abastecimento dos consumidores de todo o país.
“Não só a Nação perde com este comércio ilegal, com este mercado negro de combustível, como há também o risco de perda de vidas humanas. Desgraçadamente, ontem tocou à gente de Hidalgo, mas este é um perigo permanente, constante [para todos os mexicanos]”, acrescentou o presidente, conclamando a população a não mais participar desses atos.
De acordo com o diretor-geral da estatal petrolífera Pemex, Octávio Romero Oropeza, só nos últimos 90 dias, a empresa identificou dez pontos de furto de combustível em Tlahueplilpan. Além disso, ontem mesmo, outro incêndio ocorreu em circunstâncias semelhantes na cidade de San Juan del Rio, no estado de Querétaro, a cerca de 100 quilômetros a noroeste de Tlahuelilpan. Não houve, no entanto, registro de feridos.
Durante a entrevista coletiva, o fiscal-geral da República, Alejandro Gertz, assegurou que, apesar da “tragédia”, os fatos que levaram à explosão do duto Tuxpan-Tula serão investigados e os responsáveis punidos. Gertz lembrou que o roubo de combustíveis é considerado um delito grave, punido com penas de prisão que podem chegar a 30 anos.
O duto Tuxpan-Tula, que explodiu, transporta cerca de 70 mil barris diários. Segundo Oropeza, é muito importante porque supre a refinaria de Tula com gasolina e outros componenentes que, de Tula, são enviados para Salamanca, de onde os produtos são, por fim, redistribuidos para diversas localidades do país. Com informações da Agência Brasil.