Ágil e afiado, filme 'Brexit' encena os bastidores do plesbicito

No longa da HBO, Benedict Cumberbatch interpreta o consultor por trás da campanha de saída da União Europeia

© Divulgação

Cultura CINEMA 20/01/19 POR Folhapress

"Todo mundo sabe quem ganhou", diz Benedict Cumberbatch, olhando para a câmera. "Mas nem todos sabem como foi."

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E rolam os créditos de abertura de "Brexit", um telefilme sobre o plebiscito que decidiu, em junho de 2016, que o Reino Unido deveria sair da União Europeia.

O ator interpreta Dominic Cummings, o marqueteiro da campanha Vote Leave, que pregava a saída do país da UE.

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É do ponto de vista desse consultor político, tido como o maior responsável pela vitória de sua coligação, que se desenrola grande parte do longa de Toby Haynes - que dirige Cumberbatch na série "Sherlock" e também assina o episódio "USS Callister", da série "Black Mirror".

O afiado roteiro de "Brexit" é de James Graham, um jovem dramaturgo que vem se destacando na cena teatral londrina com suas peças de cunho político. Aqui, ele não se furta de deixar implícita sua opinião: o "brexit" vai ser um desastre.

Mas o filme em si é ágil, divertido e, como se espera de qualquer produção britânica, cheio de boas interpretações. 

Claro que também é superficial: não é possível dar cabo de um assunto tão complexo em apenas 90 minutos. Mas quem já tiver alguma informação vai se entreter. 

E entender um pouco como a extrema direita conseguiu avançar tanto, tão rápido e em países tão distintos.

O plebiscito do "brexit" foi o primeiro sinal claro de que alguma coisa estava em transformação no planeta. 

Convocada em 2015 pelo então premiê britânico David Cameron como uma maneira de mantê-lo no poder e calar a oposição que pregava havia décadas a saída do país da União Europeia, a votação teve um resultado oposto ao esperado, e seu desfecho ainda está em aberto.

Cummings é retratado em "Brexit" como um sujeito brilhante e sem convicções políticas firmes. Só um vago desejo de mudar "tudo isso que está aí". 

Na primeira metade do filme, somos levados a torcer por ele. Estamos diante de  um cara inteligente e antenado, que vai contra as ideias antiquadas dos figurões do Ukip, o Partido da Independência do Reino Unido. 

É ele quem faz com que o foco da campanha se desloque da mídia tradicional para a internet, graças aos algoritmos fornecidos por empresas como a Cambridge Analytica.

Como todo grande publicitário, Cummings conversa com pessoas comuns, tem insights fortíssimos e cria slogans contagiosos. 

Também é um tanto maluco: em uma cena marcante, deita-se no asfalto de uma estrada para "ouvir" a nação. Os escrúpulos não chegam a atrapalhar.

Seu grande antagonista é o coordenador da campanha Remain In, que briga pela permanência dos britânicos na União Europeia. 

Craig Oliver (o ator Rory Kinnear, da série "Penny Dreadful"), diretor de comunicação de David Cameron e seguidor da cartilha tradicional do marketing político, domina o terço final de "Brexit".

Oliver percebe seu erro tarde demais, no que talvez seja o melhor momento do filme: um grupo focal com eleitores que descamba para acusações, xingamentos e lágrimas. Um microcosmo da divisão que rachou o Reino Unido - e muitos outros países, é claro. 

Como não poderia deixar de ser, "Brexit" foi recebido com controvérsia no Reino Unido, onde foi exibido no dia 7 de janeiro. Houve quem reclamasse da suposta precocidade da obra. Ainda seria cedo demais para lançar um filme sobre um processo tão complicado, que parece ainda estar longe de terminar.

Já nos Estados Unidos, o filme" foi visto como uma espécie de trailer do que acometeu os americanos com a eleição de Donald Trump, em novembro de 2016.

O fato é que o longa se inscreve em uma saudável tradição anglo-saxã: a dramatização de acontecimentos políticos recentes. 

Um gênero que só há pouco tempo começou a ser abordado pelos roteiristas brasileiros, em longas como "Polícia Federal: A Lei é para Todos" ou "Real: O Plano por Trás da História".Mas, pelo jeito, assunto não vai nos faltar.

BREXIT (BREXIT: THE UNCIVIL WAR)

QUANDO Estreia em 2 de fevereiro no canal HBO e na HBOGo, às 22h

CLASSIFICAÇÃO 14 anos

ELENCO Benedict Cumberbatch, Rory Kinnear, Sarah Belcher

PRODUÇÃO Reino Unido, 2019

DIREÇÃO Toby Haynes

AVALIAÇÃO Muito bom

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