© Arnd Wiegmann/Reuters
MARIA CRISTINA FRIAS, LUCIANA COELHO E LUCAS NEVES - Em seu primeiro discurso em um palco internacional como presidente, Jair Bolsonaro defendeu que o Brasil lidere pelo exemplo e afirmou, de improviso, que os países precisam cooperar. "Hoje em dia um precisa do outro. O Brasil precisa de vocês, e vocês com certeza precisam do nosso querido Brasil", afirmou, com a voz embargada ao subir na plenária do 49º Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
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Mas foi questionado pelo presidente do fórum, Klaus Schwab, sobre quais passos dará para conseguir o que promete para transformar a economia, conciliar desenvolvimento e ambiente e lidar com a corrupção.
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No caso da transformação econômica, Bolsonaro citou a desburocratização dos negócios, o que chamou de "comércio sem ideologia" e repetiu ideias que mencionara no discurso.
A sessão toda durou 15 minutos -oito de discurso de Bolsonaro e sete de perguntas de Schwab-, o que é incomum para um chefe de Estado que dispunha, inicialmente, de 45 minutos para falar, depois reduzidos a 30.
A plateia, que ocupou grande parte das 1.259 cadeiras disponíveis na plenária, sem contudo lotá-la, reagiu sem maior entusiasmo, mas com interesse. Uma expectativa dos investidores era que Bolsonaro detalhasse suas reformas, o que não aconteceu.
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Empresários que acompanharam o discurso nas primeiras filas reagiram friamente ao que chamaram de excesso de objetividade do presidente, algo que ele vinha prometendo desde o início.
Alguns deles esperavam que a sessão abrisse espaço para perguntas da plateia, o que não aconteceu e não é uma prática constante do fórum.
Bolsonaro fez um discurso incisivo e conciso, no qual se preocupou em mostrar o Brasil como um país pioneiro em preservar o ambiente e aberto a fazer negócios com todos. Ressaltou à plateia internacional, também, sua campanha presidencial, que ele afirma ter tido baixo custo e sofrido ataques de todos os lados.
A ideia central do discurso era mostrar a mudança que ocorre no país, algo enfatizado pelo próprio Schwab ao apresentar o brasileiro no palco. Isso significou tanto falar em abertura a negócios e desoneração como evocar um dos bordões preferidos de Bolsonaro, conduzir o governo "sem ideologia".
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O presidente mencionou três de seus cinco ministros presentes: Sergio Moro, o primeiro citado, "o homem certo para o combate à corrupção e à lavagem de dinheiro"; Paulo Guedes, o condutor das reformas econômicas, que segundo ele colocará o país entre os melhores para se fazer negócio, e Ernesto Araújo, o chanceler, a quem cabe a missão de "implementar uma política externa na qual o viés ideológico deixará de existir.
Na curta sessão de perguntas de Schwab, o presidente insistiu que a América do Sul quer ser grande -uma evocação a Donald Trump- e que hoje está "ficando livre da esquerda, algo que acredito ser bom para o Brasil e para o mundo".
Mas fez, também, acenos ao multilateralismo, falando em comércio e cooperação, e à proteção do ambiente, embora não tenha detalhado, nem com a insistência de Schwab, como pretende equilibrar ambiente e desenvolvimento - ou agronegócio, citado por ele por ser a principal "commodity" do país. Com informações da Folhapress.