Caetano e Daniela Mercury atacam a censura em novo axé de Carnaval

Roteirizado por Daniela e com contribuição da jornalista Malu Verçosa, mulher de Daniela, o clipe de "Proibido o Carnaval" não tem data de lançamento

© Reprodução / Instagram

Cultura Música 23/01/19 POR CLAUDIO LEAL, Folhapress

CLAUDIO LEAL (FOLHAPRESS) - Uma reação carnavalesca à censura das artes reuniu em estúdio, pela primeira vez, o compositor Caetano Veloso e a cantora Daniela Mercury, em Salvador. "Tá proibido o Carnaval/ Nesse país tropical", diz o refrão da música "Proibido o Carnaval", composta pela rainha do axé.

PUB

+ Mostra no CCBB-SP exibe filmes nacionais para o público infantil

O mote da proibição da folia surgiu há quatro anos, mas a letra ganhou corpo depois dos vetos e protestos ultraconservadores contra exposições e performances no país. "Abra a porta desse armário/ Que não tem censura pra me segurar/ Abra a porta desse armário/ Que alegria cura/ Venha me beijar", cantam os artistas que marcaram a história do Carnaval da Bahia. A faixa de três minutos e 53 segundos será lançada na próxima sexta-feira (25).

Este repórter acompanhou três horas de gravações do clipe de Caetano e Daniela no Fera Palace Hotel, no centro de Salvador, nesta semana.

A produção mobilizou 14 bailarinos e 12 modelos para integrar canto e dança, dentro do estilo dos desfiles da cantora nos trios elétricos. Em 1992, o clipe de "Você não Entende Nada", composição do tropicalista, celebrou o primeiro encontro audiovisual da dupla.

"Daniela é uma figura que foi sempre reinventora do fenômeno que é o Carnaval de rua da Bahia. Ela segue em frente, criando coisas. Eu gosto muito de 'Rainha Má', mas essa nova é uma canção que tem uma vitalidade propriamente carnavalesca. Ela tem a alma da marchinha de Carnaval, com o poder satírico, mas, ao mesmo tempo, livre da própria sátira que faz. É carnaval, mesmo", disse Caetano, em temporada de veraneio.

"Evidentemente, é uma reação, uma resposta à tendência censora dos poderes brasileiros hoje. Isso é interessante. Na história das marchas de Carnaval, o comentário político ou social sempre houve. Nesse caso é muito autenticamente feito do jeito carnavalesco de tratar essas coisas. Achei que é uma grande música de carnaval, que reafirma a posição histórica de Daniela", completou.

Às 20h30, Daniela entrou em seu quarto e espalhou na cama as alternativas de figurino. "A ideia é fazer uma homenagem bem ousada aos Dzi Croquettes", avisou a Caetano. Ela recordou então as aulas de dança com Lennie Dale, coreógrafo do grupo contracultural, e a colaboração de Cláudio Tovar com as suas fantasias carnavalescas.

"Vou pôr seu marido nu numa banheira com bolas cor-de-rosa", brincou com Paula Lavigne. "Você quer que o Carnaval seja proibido mesmo, né?", sorriu a produtora. Por fim, Caetano escolheu uma casaca com gola de paetês e enlaçou uma gravata rosa.

"Bolsonaro é a consequência dessa sensação nossa de que a gente tem que resolver as coisas de forma imediatista, que é alguém que vai salvar a gente e não a democracia", comentou Daniela, enquanto estava fora de cena. "As coisas estão acontecendo. É uma tentativa de proibir o que não pode ser proibido, o que a gente lutou tanto para libertar."

A cantora convocou a voz de Caetano por associar a canção anticensura à tropicália. "O axé é encarnação do desejo tropicalista de liberdade, democracia e brasilidade", explicou. "Essa letra foi feita agora. Só a ideia de que está proibido o carnaval é antiga e gerou a 'Rainha Má' [em 2015]. Quem proibiu o Carnaval foi a Rainha Má, meu alter ego."

De última hora, ela mencionou na letra a declaração da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, de que "menino veste azul e menina veste rosa". Num dos versos, surge a pergunta: "Vai de rosa ou vai de azul?".

Com uma roupa multicolorida do estilista Amir Slama, ela opõe a alegria à opressão: "A rainha do axé puxa todo mundo para frente, celebra a negritude, celebra eu ser lésbica, sermos como somos. A canção fala por si. Eu brinco com o rosa e o azul para mostrar que não se pode ficar encarcerado numa caixinha".

Roteirizado por Daniela, dirigido por Jana Leite e com fotografia de Rodrigo Maia, além de contribuição nos bastidores da empresária e jornalista Malu Verçosa, mulher de Daniela, o clipe de "Proibido o Carnaval" não tem data de lançamento. Numa das cenas mais extrovertidas, Caetano brincou com bexigas numa banheira do hotel - mas sua nudez era apenas espiritual. Com informações da Folhapress.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

esporte Peru Há 8 Horas

Tragédia no Peru: relâmpago mata jogador e fere quatro durante jogo

mundo Loteria Há 8 Horas

Homem fica milionário depois de se esquecer do almoço em casa: "Surpreso"

politica Tensão Há 8 Horas

Marçal manda Bolsonaro 'cuidar da vida' e diz que o 'pau vai quebrar' se críticas continuarem

fama Televisão Há 6 Horas

'Pensava que ia me aposentar lá', diz Cléber Machado sobre demissão da Globo

fama Luto Há 5 Horas

Morre o cantor Agnaldo Rayol, aos 86 anos

lifestyle Alívio Há 8 Horas

Três chás que evitam gases e melhoram a digestão

tech WhatsApp Há 8 Horas

WhatsApp recebe novidade que vai mudar forma como usa o aplicativo

fama Fake news 03/11/24

Eles foram dados como mortos, mas estavam (e estão) vivinhos da Silva!

fama Rejeitados Há 16 Horas

Rejeitados! Famosos que levaram foras de outros famosos

fama Berço de ouro Há 20 Horas

Ricos: Eles já eram cheios da grana antes da fama