© Ricardo Almeida / ANPr
A força-tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato afirma que a prisão do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) 'se mostrou imprescindível em razão da recente tentativa comprovada de obstrução das investigações pelos envolvidos'. Segundo os procuradores, o tucano tentou influenciar o depoimento de um corretor de imóveis para não revelar pagamentos em dinheiro vivo na compra de conjuntos comerciais em Curitiba.
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Beto Richa foi preso pela Polícia Federal na manhã desta sexta, 25, em Curitiba, por ordem do juiz Paulo Sérgio Ribeiro, da 23.ª Vara Criminal Federal, que atendeu pedido do Ministério Público Federal no âmbito da Operação Integração, fase 58 da Lava Jato. A PF prendeu também o contador do tucano, Dirceu Pupo Ferreira.
A compra das salas comerciais teria sido realizada com parte de uma propina de R$ 2,7 milhões que o ex-governador pegou de concessionárias de rodovias federais no Paraná, segundo a Lava Jato.
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Os investigadores sustentam que Beto Richa adquiriu conjuntos comerciais no Edifício Neo Business, na capital paranaense, com valor declarado de R$ 1,8 milhão na escritura pública. Segundo o corretor que intermediou o negócio, houve pagamento de R$ 1,4 milhão adicional 'por fora', que foi ocultado.
A Lava Jato descobriu que, em agosto de 2018, 'a fim de impedir que o esquema fosse descoberto', o contador Pupo, 'agindo a mando de Beto Richa, procurou um dos corretores de imóveis que intermediou a negociação das salas comerciais e solicitou que, caso fosse intimado a depor pela investigação, ocultasse a existência de pagamentos em espécie por fora'.
"Não satisfeito, de acordo com o relato do vendedor das salas comerciais, Pupo Ferreira, sempre agindo como preposto do ex-governador, ainda tentou contato para influenciar seu depoimento, a fim de solicitar que o pagamento em espécie fosse ocultado", afirmam os procuradores.
Para o juiz federal Paulo Sérgio Ribeiro, "o fato concreto apresentado pelo Ministério Público Federal é extremamente grave, evidenciando a tentativa de embaraçar a investigação, o que justifica a decretação da preventiva".
Segundo os procuradores, 'o ato foi praticado para impedir a descoberta do esquema de lavagem de dinheiro, interferindo na produção da prova'.
"A influência no depoimento de possíveis testemunhas é fundamento clássico para a prisão preventiva para garantia da instrução criminal", afirma o procurador da República Diogo Castor.
A reportagem está tentando contato com a defesa do ex-governador Beto Richa e com a defesa do contador Pupo Ferreira. O espaço está aberto para manifestações.