EUA: aeroportos têm atrasos e desvios de voos por falta de servidores

Na quarta (23), sindicatos de controladores aéreos, pilotos e comissários de bordo alertaram que a duração da paralisação, a mais longa que o país já enfrentou, gera sérias preocupações com segurança do sistema de transporte aéreo americano

© Imagem ilustrativa (Shannon Stapleton/Reuters)

Mundo paralisação 25/01/19 POR Folhapress

 

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Sem receber por causa da paralisação do governo dos Estados Unidos, controladores de tráfego aéreo e funcionários federais responsáveis pela checagem de segurança nos aeroportos de Nova York e da Filadélfia começaram a faltar ao trabalho, provocando atrasos de voos e outros transtornos nesta sexta-feira (25).

A FAA (agência federal responsável pela aviação) afirmou que estava retardando o tráfego aéreo do aeroporto LaGuardia, em Nova York, por problemas com trabalhadores em unidades de Washington e Jacksonville, na Flórida.

Por causa das restrições ao LaGuardia, que opera voos domésticos, outros aeroportos registraram problemas, como o Newark, perto de Nova York, e o aeroporto internacional da Filadélfia.

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Na quarta (23), sindicatos de controladores aéreos, pilotos e comissários de bordo alertaram que a duração da paralisação, a mais longa que o país já enfrentou, gera sérias preocupações com segurança do sistema de transporte aéreo americano.

Os controladores aéreos estão entre os 800 mil funcionários federais sem receber há mais de um mês por causa da paralisação, provocada pelo impasse entre o presidente Donald Trump e democratas sobre o muro que ele quer construir na fronteira com o México. O republicano se recusa a assinar qualquer lei que não inclua dinheiro para a construção, e os democratas rejeitam aprovar medidas com a provisão.

A FAA confirmou que estava desviando aeronaves e reduzindo o tráfego aéreo para lidar com o aumento do número de controladores faltando alegando doença.

Até agora, voos para ou a partir do Brasil não foram afetados, segundo as companhias aéreas Gol, American Airlines e United.

A United afirmou estar trabalhando com a FAA e com autoridades aeroportuárias para minimizar o impacto em suas operações e para os clientes. "Até agora, nós não prevemos transtornos significativos no horário, mas é outro bom exemplo da escalada do impacto da paralisação do governo, e mostra que nós precisamos que o governo seja reaberto prontamente", disse a empresa.

Em nota, a Latam afirmou que passageiros podem "enfrentar atrasos nos controles de segurança dos aeroportos nos Estados Unidos em função da 'paralisação' do governo local, o que impacta a disponibilidade de funcionários de órgãos federais como a Agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, na sigla em inglês) e a Administração de Segurança dos Transportes (TSA, na sigla em inglês)".

Segundo a aérea, atrasos de controle de segurança podem afetar passageiros com saídas ou chegadas nos Estados Unidos.

Entre os funcionários que estão faltando estão os responsáveis pela checagem de segurança em aeroportos americanos. As informações são da TSA, agência responsável, entre outras coisas, por melhorar a segurança do sistema de transporte americano.

A TSA foi criada como resultado dos ataques de 11 de Setembro de 2001. Uma lei sobre segurança na aviação aprovada dois meses depois pelo presidente George W. Bush determinava procedimentos a serem adotados para evitar novos ataques do tipo, como que todas as bagagens passassem pelo raio-X.

Pouco mais de um mês depois do apagão parcial que afeta o governo Trump, os funcionários da agência começam a capitular, diante da incerteza em torno de quanto tempo vão continuar trabalhando sem receber.

Neste final de semana, a TSA informou que 10% dos encarregados pelo raio-X e por checagens de segurança não compareceram para trabalhar. Uma semana antes, o percentual estava em 3,1%. Com a baixa, o resultado são longas filas em alguns aeroportos e funcionários adicionais sendo despachados para aeroportos com maior fluxo, como Atlanta, Miami e Newark.

No aeroporto internacional Hartsfield-Jackson, em Atlanta, o mais movimentado do mundo, a fila para passar pelo esquema de segurança passava de uma hora na semana passada, e muitos perderam voos por causa dos atrasos.

Os problemas detectados no aeroporto, que recebe de 70 mil a 80 mil passageiros por dia, levantam alertas sobre o caos que pode ocorrer antes e depois do Super Bowl, a grande final do futebol americano, marcada para 3 de fevereiro na cidade –neste ano, New England Patriots e Los Angeles Rams disputam o título.

Já em Houston, os pontos de checagem da TSA no terminal B do aeroporto George Bush Intercontinental foram fechados por falta de funcionários.

Em Nova York, na última terça, passageiros lamentavam a situação dos funcionários. Com voo marcado para Atlanta, o músico profissional Blake Bishop expressava solidariedade aos funcionários da TSA que estão sem receber. "Eles não estão sendo pagos, são pessoas que trabalham duro, eles nos mantêm seguros e num ambiente seguro", disse.

Para ele, o presidente Trump cometeu "um erro terrível" ao não negociar o fim da paralisação. "Eu acho que nenhum dos lados vai recuar, acho que Trump vai ser processado, e espero que seja condenado", afirmou. "E acho que, como cidadão americano, é meu dever civil ser desobediente e não deixar ele ficar no caminho da liberdade que merecemos."

O executivo Anthony Pinnington é outro que responsabiliza o presidente pelo impasse. "Eu acho que o presidente deveria renunciar e tentar ao menos ser o líder", afirma. "Eu acho que o presidente deveria recuar, ele deveria ser um líder e tomar a melhor decisão para o país e não personalizar isso. Acho que foi o que ele fez, é pessoal para ele, mas um líder verdadeiro reconhece a importância da instituição."

Ele conta ter tido uma ótima experiência com os funcionários da TSA no aeroporto de LaGuardia. "Isso me humanizou para a situação que eles estão enfrentando, ninguém deveria enfrentar isso. Eles não estão sendo pagos, e ainda assim estão trabalhando."

Alessandro Correa e Hangie Tan, que atuam no atendimento ao consumidor do aeroporto, contam que, apesar da situação, os funcionários da TSA continuam agindo com profissionalismo. "É muito difícil. Eles fazem o que têm que fazer, você olha para eles e eles parecem ok, mas, no fundo, dá para saber que eles estão chateados", diz Correa.

Segundo Tan, os administradores do aeroporto compram, toda sexta-feira, pizza para o almoço dos funcionários da TSA "para tentar animá-los."

"Se [a paralisação] não acabar logo, eu ouvi que alguns vão ter que sair e procurar um novo emprego. Porque eles precisam do dinheiro para pagar aluguel e outras coisas, e não podem esperar para sempre. Até agora, estão vindo para trabalhar e fazendo seu trabalho", afirma. Com informações da Folhapress.

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