Ator de 'Stranger Things' vira ás na cozinha em filme de brasileiro

O protagonista é Abe, um menino de 12 anos que ama cozinhar e postar suas criações online

© REUTERS / Mario Anzuoni (Foto de arquivo) 

Cultura SUNDANCE 28/01/19 POR Folhapress

FERNANDA EZABELLA - Quando o diretor Fernando Grostein Andrade ganhou seu primeiro sobrinho, Joaquim, ouviu do irmão Luciano Huck o pedido para fazer um filme sobre história das festas judaicas. A ideia não empolgou, mas fez Fernando abrir a cabeça para o tema da religião, ainda que se considere mais ateu ou agnóstico do que propriamente judeu praticante.

PUB

Treze anos depois, o resultado é seu segundo filme de ficção, a comédia dramática "Abe", exibido no domingo no festival de cinema independente Sundance, na cidade de resorts de esqui Park City, em Utah (EUA).

O protagonista é Abe, um menino de 12 anos que ama cozinhar e postar suas criações online. Solitário, ele acaba quase sempre na linha de fogo das brigas da família, formada pelo pai ateu, a mãe judia e os avós muçulmanos e judeus.

+ Novo documentário da Netflix merece aviso especial

"É livremente inspirado na minha vida, mas nunca tive pressão para decidir ser de um lado ou outro", contou o diretor de 37 anos, cujo pai tinha formação católica e a mãe é judia. "Ainda assim, tinha uma confusão na minha cabeça de quem eu era", continuou, numa entrevista num café de Los Angeles antes de embarcar para o festival.

Na casa de Fernando também não tinham brigas como na casa de Abe. Seus pais passavam as festas de fim de ano reunidos com os filhos e ex-parceiros de casamentos anteriores. "Fiquei então imaginando, e se não fosse bem assim?"

O filme é brasileiro, produção da Spray e Gullane Filmes, e foi rodado em inglês no Brooklyn, em Nova York. No papel principal está o ator americano Noah Schnapp, mais conhecido como Will da série "Stranger Things".

Como mentor gastronômico de Abe, além de refúgio das angústias religiosas, está o chef brasileiro Chico Catuaba (Seu Jorge), que tem uma cozinha no bairro nova-iorquino e prepara uma série de quitutes brasileiros, como acarajé e dadinhos de tapioca.

+ Lady Gaga e Bradley Cooper cantam 'Shallow' pela 1ª vez juntos

"É uma fusão apetitosa de influências diversas", escreveu o crítico Justin Lowe, do site "The Hollywood Reporter". "Arrastar a política do Oriente Médio para uma casa no Brooklyn pode parecer algo planejado demais, mas Andrade faz isso funcionar entrelaçando valores culturais conflitantes no contexto da experiência de imigrantes americanos, com Abe assumindo a responsabilidade principal de assimilar sua herança complexa."

Encorajado pelo chef brasileiro, Abe tenta fazer da comida uma ponte para unir a família briguenta, preparando um grande jantar com receitas judaicas e árabes. A tela se enche de sabores e cores, embora o espectador desconfie que não será uma tarefa simples. Na casa de Abe, um simples homus vira discórdia geopolítica. O filme tampouco procura uma saída fácil.

"Foi um grande desafio do roteiro porque você não pode reduzir dessa forma, num jantar, essa questão tão complexa do Oriente Médio", disse Fernando, que contou com a ajuda de dois autores palestinos para finalizar o roteiro.

+ Confira os melhores filmes de comédia de todos os tempos.

Na babel do set de filmagens, estava também o fotógrafo italiano Blasco Giurato, de "Cinema Paradiso" (1988), enquanto a trilha sonora era brasileiríssima, com músicas de Sabotage, Tom Jobim e Zeca Veloso.

+ Inglesa pede boicote a Oscar por curta que fala do assassinato de filho

O diretor estreou no cinema com os documentários "Coração Vagabundo" (2008), sobre Caetano Veloso, e "Quebrando Tabu" (2011), sobre o combate e a legalização das drogas. Este último virou seriado sobre assuntos polêmicos, como controle de armas, prostituição e privatizações, além de uma popular página online de discussões.

"O que me move é fazer filmes que combatam o obscurantismo, o preconceito. Quero jogar luz em assuntos difíceis", comenta o paulistano, que dirigiu o longa de ficção "Na Quebrada" (2014), sobre jovens de classe baixa, fruto de uma parceria com a ONG Instituto Criar.

O longa "Abe" também vai dar origem a um documentário dirigido por Fernando e a diretora de arte Claudia Calabi, no qual os dois investigam identidades através da gastronomia em Jerusalém, cidade que visitaram para suas pesquisas pré-produção.

"Conversamos com famílias, donos de restaurantes e padarias, líderes religiosos para tentar tocar nesse assunto com autenticidade", disse. "Achei curioso. O que você come é uma impressão digital de quem você é. E você nem percebe."

Fernando mantém um blog na Folha de S.Paulo, onde contou o processo de realizar "Abe". Com informações da Folhapress. 

Leia também: 5 dicas para se tornar um cineasta de sucesso

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

politica Polícia Federal Há 11 Horas

Bolsonaro pode ser preso por plano de golpe? Entenda

esporte Indefinição Há 11 Horas

Qual será o próximo destino de Neymar?

fama MAIDÊ-MAHL Há 11 Horas

Polícia encerra inquérito sobre Maidê Mahl; atriz continua internada

justica Itaúna Há 11 Horas

Homem branco oferece R$ 10 para agredir homem negro com cintadas em MG

economia Carrefour Há 9 Horas

Se não serve ao francês, não vai servir aos brasileiros, diz Fávaro, sobre decisão do Carrefour

brasil Brasil Há 6 Horas

Jovens fogem após sofrerem grave acidente de carro; vídeo

fama Segunda chance Há 23 Horas

Famosos que sobreviveram a experiências de quase morte

brasil São Paulo Há 11 Horas

Menina de 6 anos é atropelada e arrastada por carro em SP; condutor fugiu

fama Documentário Há 3 Horas

Diagnosticado com demência, filme conta a história Maurício Kubrusly

fama Harry e Meghan Markle Há 2 Horas

Harry e Meghan Markle deram início ao divórcio? O que se sabe até agora