© Arquivo pessoal
Imagens do resgate da adolescente Thalyta Cristina de Oliveira Souza, de 15 anos, rodaram o mundo. Captado pela TV Record, o vídeo emblemático da tragédia do rompimento da barragem em Brumadinho mostra a vítima sendo puxada por bombeiros para dentro de um helicóptero com as pernas balançando.
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"Ela levantou o braço e pediu socorro, mas já estava no último momento de suspiro, não aguentava mais", descreveu o cunhado da adolescente, José Antônio Soares Pereira, de 46 anos.
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José assumiu um papel de "porta-voz" da família, por ter sido o único que não estava em casa quando a barragem rompeu. Ele é marido de Alessandra de Souza, de 43 anos, que está internada junto com a irmã na unidade de tratamento intensivo do hospital de pronto-socorro João XXIII. As duas foram salvas por vizinhos e resgatadas por bombeiros depois.
A filha de José e Alessandra está desaparecida desde sexta-feira (25). "A minha esposa está toda inchada, toda roxa, e só faz perguntar por ela", afirmou José. "A Lays era tudo para nós. Era a única filha que a gente tinha", completou.
A onda de lama chegou quando as três estavam se preparando para almoçar na charmosa Pousada Nova Estância, onde moravam. Após ouvir um forte barulho, Alessandra gritou para que todas corressem. Cada uma fugiu para um canto e o último sinal de Lays foi um grito de dor.
"A onda era tão grande, tão imensa, mandava você para um lado, para o outro - esses são os relatos delas, você achava que estava embaixo, estava em cima", descreve José. "A única imagem que a gente tem é como se você estivesse dentro de um liquidificador gigante, sendo girada de um lado e para o outro, e sendo esmagada por pedra, pau, ônibus, veículo, porta, tudo que estava vindo para baixo, esmagando as pessoas, quebrando tudo", afirma.
Dois moradores chegaram ao local e ajudaram a puxar Alessandra da lama. "Ela gritou, 'salve minhas duas filhas lá no meio!' Aí um deles ficou com a minha esposa e o outro afundou na lama para ajudar a Thalyta. Ele conseguiu puxar ela para um lugar mais raso, nas margens da lama, e ficou dando apoio para ela, conversando, fazendo ela ficar acordada até os bombeiros chegarem", conta José.
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