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DANIEL AVELAR - Um dos principais desafios do "brexit" é decidir o que fazer com a fronteira entre as Irlandas. A Irlanda do Norte é parte do Reino Unido e deverá deixar a União Europeia (UE) em breve, enquanto a República da Irlanda continuará sendo membro do bloco regional.
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Assim, a linha imaginária de 500 quilômetros de extensão que divide a ilha passará a ser a única fronteira por terra entre o Reino Unido e a UE. E ninguém sabe ao certo o que acontecerá com esta fronteira, praticamente imperceptível para quem a cruza atualmente, após a saída britânica.
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A fronteira foi desenhada após a Irlanda, majoritariamente católica, conquistar independência do Reino Unido, nos anos 1920. A porção norte da ilha, de maioria protestante, permaneceu sob controle das autoridades de Londres.
As diferenças políticas se mantiveram, e a Irlanda do Norte viu surgirem conflitos entre nacionalistas (favoráveis à reunificação com a Irlanda) e unionistas (partidários da permanência no Reino Unido). A violência deixou mais de 3.600 mortos entre os anos 1960 e 1990.
A situação só foi resolvida em 1998, com a assinatura do Acordo da Sexta-Feira Santa. Ao permitir que nacionalistas tirassem cidadania irlandesa, o tratado pôs fim às hostilidades e promoveu o desmonte dos muros e postos de controle na fronteira.
A saída britânica da UE, marcada para 29 de março, ameaça a estabilidade na fronteira entre as Irlandas verificada nas duas últimas décadas.
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Nenhuma das partes quer uma "fronteira dura", com o restabelecimento de postos de controle, mas a saída da UE deixa poucas alternativas. Para preservar a livre circulação, o Reino Unido precisaria permanecer na união aduaneira e no mercado comum da Europa, o que é rechaçado pelos partidários do "brexit".
Outra solução seria criar controles alfandegários no mar entre as ilhas da Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia e País de Gales) e da Irlanda, mas isso prejudicaria a integração da Irlanda do Norte com o restante do Reino Unido.
A indefinição sobre o futuro da fronteira com a Irlanda contribuiu para a derrota, em votação no Parlamento no dia 15, de um acordo sobre os termos do "brexit" negociado entre a primeira-ministra Theresa May e as autoridades de Bruxelas.
O impasse dá força ao movimento nacionalista na Irlanda do Norte. A população local votou contra o "brexit" no plebiscito de junho de 2016 e poderia optar pela reunificação com a Irlanda para permanecer na UE. Pesquisas mostram apoio crescente, mas ainda minoritário, ao divórcio com o Reino Unido. Com informações da Folhapress.