Disputa pelo Senado opõe equipes política e econômica de Bolsonaro

Ministério da Economia aposta em Renan Calheiros, e Casa Civil em David Alcolumbre

© Valter Campanato/Agência Brasil

Política PRESIDÊNCIA 31/01/19 POR Folhapress

A disputa pelo comando do Senado Federal, em eleição marcada para sexta-feira (1º), colocou em lados opostos as equipes política e econômica do governo de Jair Bolsonaro.

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Se para o Ministério da Economia Renan Calheiros (MDB-AL) tem maior poder de negociação para viabilizar as reformas estruturais, para a Casa Civil, David Alcolumbre (DEM-AM) tem uma postura mais alinhada à pauta governista.

A queda de braço tem ocorrido em caráter reservado, já que o presidente ordenou à sua equipe que não coloque suas digitais na disputa legislativa. O distanciamento busca evitar a possibilidade de retaliações futuras. 

Favorito do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil), com quem tem uma relação de amizade, Alcolumbre conta com um apoio velado do núcleo político do Palácio do Planalto.

Só neste mês, Bolsonaro recebeu duas vezes o senador em audiências no gabinete presidencial, sempre na companhia do chefe da Casa Civil.

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Segundo relatos feitos à reportagem, a preferência por Alcolumbre não tem sido escondida por interlocutores de Onyx, que, quando questionados por senadores indecisos em quem deveriam votar, aconselham o democrata.

A questão já foi inclusive motivo de reclamação pública dos senadores Simone Tebet (MDB-MS) e Major Olímpio (PSL-SP), também candidatos à sucessão de Eunício Oliveira (MDB-CE).

"Em nome do governo, foram à casa da senadora fazer propostas indecentes, como ela mesmo se queixou comigo", disse Olímpio à reportagem.

A avaliação, contudo, não é compartilhada pela equipe econômica. Em seu primeiro mandato como senador, Alcolumbre é considerado por ela um nome com pouca experiência política e capacidade de articulação parlamentar, o que preocupa diante do desejo de votar a reforma previdenciária.

Enquanto Renan é visto com desconfiança pelo núcleo político, por sua boa relação com senadores de esquerda e pelo apoio a Fernando Haddad (PT) na disputa presidencial, ele tem a simpatia do entorno do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Para a área econômica, além de ser um negociador experiente, o alagoano teria o trunfo, ao não levar o selo de governista, de costurar o apoio de senadores indecisos e até mesmo de oposição, que criticaram a proposta apresentada pelo ex-presidente Michel Temer.

Segundo aliados de Renan, Guedes já transmitiu, por meio de interlocutores, a posição de que tem preferência pelo senador. Na tentativa de diminuir a resistência ao seu nome no núcleo político, o emedebista iniciou desde a semana retrasada uma tentativa de aproximação com novo governo. 

Ele saiu em defesa do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), sob suspeita de movimentações financeiras atípicas, disse que adotou postura liberal e que ajudará a realizar a reforma previdenciária que deve ser apresentada em fevereiro.

Se o novo governo está dividido quanto à disputa ao Senado Federal, o mesmo não ocorre em relação à sucessão na Câmara dos Deputados. A reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) tem o apoio do Palácio do Planalto, que acredita em uma vitória em primeiro turno.

O apoio não é declarado por parte de Bolsonaro, mas ele e Maia já trocam mensagens de apreço mútuo desde a época do governo de transição, no ano passado.

A legenda do presidente, PSL, já declarou apoio formalmente a Maia. O deputado do DEM é visto como um aliado tanto nas medidas econômicas quanto na pauta de costumes. 

Nos últimos dias, integrantes do governo filiados a partidos da base aliada têm trabalho junto às suas bancadas federais por adesões a Maia. No PSL, por exemplo, o esforço é reunir o apoio, pelo menos, de 48 dos 55 parlamentares. Com informações da Folhapress. 

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