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Há exatos quarenta anos, o aiatolá Ruhollah Khomeini retornava do exílio ao Irã, consagrando-se líder da Revolução Islâmica que mudaria o destino do Oriente Médio.
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Na manhã de 1º de fevereiro de 1979, Khomeini pousou no aeroporto Mehrabad, em Teerã, e foi recepcionado por uma multidão de apoiadores. Crítico do regime do xá Reza Pahlevi, o líder xiita, 78, havia passado 15 anos exilado na Turquia, no Iraque e na França.
No dia seguinte, o jornal Folha de S.Paulo destacou o acontecimento em sua capa. "Quando Khomeini, envolto em suas vestimentas escuras, firme porém visivelmente emocionado, apareceu na porta do avião, a multidão que cercava o aeroporto irrompeu em uma aclamação", diz a reportagem na página 14 daquela edição.
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"Após deixar o aeroporto, Khomeini seguiu em carro aberto na direção do cemitério de Behechte Zahra, onde está sepultada a maior parte das vítimas da violência dos últimos meses no Irã A recepção ao aiatolá contou com cerca de cinco milhões de pessoas e contribuiu para uma avaliação do apoio que Khomeini receberá no Irã", complementa o texto.
Poucas semanas antes do retorno do aiatolá, Pahlevi havia deixado o país. O monarca, no poder havia quase quatro décadas, estava doente e enfrentava greves e protestos organizados por seguidores de Khomeini, bem como grupos de esquerda e movimentos estudantis.
Após pôr fim a mais de 2.500 anos de monarquia na Pérsia, Khomeini assumiu o cargo de líder supremo da república islâmica -no qual se manteve até a sua morte, em 3 de junho de 1989.
IMPORTÂNCIA HISTÓRICA
A Revolução Islâmica liderada por Khomeini mudaria os rumos do Oriente Médio. O Irã, até então um país subserviente aos Estados Unidos, se tornaria a principal potência revisionista na região, apoiando insurgentes xiitas em outros lugares.
Em reação ao governo de Khomeini, os Estados Unidos apoiaram a invasão do Irã em setembro de 1980 pelo então ditador do Iraque, Saddam Hussein. A guerra entre Irã e Iraque se arrastou até 1988, deixando aproximadamente 1 milhão de mortos.
Atualmente, o Irã é liderado pelo aiatolá Ali Khamenei, sucessor de Khomeini. O regime iraniano é acusado de reprimir dissidentes, além de subjugar mulheres e minorias religiosas.
O país é alvo de sanções econômicas dos Estados Unidos, reimpostas após o governo de Donald Trump romper com o acordo de 2015 para pôr limites ao programa nuclear da república islâmica. Com informações da Folhapress.