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A empresa que atestou a segurança da barragem que se rompeu em Brumadinho na última sexta (25) prestou também serviços de consultoria para a Vale, segundo o The Wall Street Journal, o que configuraria conflito de interesses.
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O jornal afirma que funcionários da Tüv Süd Brasil atuaram como consultores para o descomissionamento de minas da Vale.
Também teriam feito relatórios de pesquisa com a empresa e participado de conferências com trabalhadores da mineradora.
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Fiscais de segurança de barragens, seguindo padrões internacionais, devem mostrar independência em relação ao cliente.
A reportagem diz que, apesar disso, é comum que companhias assumam o papel duplo de consultoras e fiscais de segurança no Brasil.
Empresas nos Estados Unidos são proibidas por lei de oferecer várias formas de consultoria para empresas cujas demonstrações financeiras auditam.
No Canadá, que também tem uma grande atividade de mineração, as diretrizes sugerem que auditorias externas devem ser realizadas por organizações independentes e sem viés.
Na última terça (29), uma operação conjunta do Ministério Público de Minas Gerais, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal levou à prisão dos engenheiros da Tüv Süd Brasil André Yum Yassuda e Makoto Namba e dos funcionários da Vale César Augusto Paulino Grandchamp, Ricardo de Oliveira e Rodrigo Arthur Gomes.
Após o rompimento da barragem, a validade dos laudos que atestaram a segurança da estrutura foram questionados. Um deles dizia que o risco da Barragem I, da mina do Córrego do Feijão, era baixo, embora afirmasse que o dano potencial seria alto.
A investigação deve apurar se os documentos foram fraudados ou se houve imperícia ou negligência no processo de vistoria.
Em 2018, Namba, venceu um prêmio por um projeto de gestão de risco geotécnico (aplicação técnica de pesquisas geológicas) de barragens de rejeito, concedido pela ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica). Foi concedido a uma equipe de seis engenheiros, da qual Namba faz parte, pelo estudo de caso da barragem de Itabiruçu, em Itabira (MG, a 160 km de Brumadinho).
A barragem da Mina Córrego do Feijão não recebia novos rejeitos de minério desde 2015 e seria desativada de forma definitiva. A licença para o reaproveitamento dos rejeitos e o encerramento das atividades foi obtida em dezembro.
O número de mortos em Brumadinho já chegou a 115 e o de desaparecidos, a 248, segundo balanço mais recente do governo de Minas Gerais.
Uma porta-voz da Vale afirmou ao Wall Street Journal por email que a Tüv Süd Brasil trabalha como auditora externa para a companhia, o que significa que é independente, mas não respondeu ao questionamento sobre o conflito de interesses.
Também disse que a barragem de Brumadinho foi inspecionada repetidamente e que foi fiscalizada por outras empresas, inclusive pela Vale, que afirmou em janeiro que a estrutura não corria risco de rompimento.
Já a Tüv Süd Brasil disse que concluiu as avaliações na barragem que rompeu em junho e setembro de 2018, mas não comentou os outros serviços prestados.
A publicação lembra que a mesma empresa que atestou a segurança da barragem que rompeu em 2015 em Mariana, também desenvolvia projetos para o mesmo reservatório de resíduos. A VOGBR Recursos Hídricos e Geotecnia Ltda afirmou à época que a inspeção de segurança que conduziu foi baseada em dados fornecidos pela Vale e que foi rigorosa.
Também diz que a Tüv Süd já foi acusada de conflito de interesse em 2008, quando um órgão federal da Alemanha questionou auditoria da empresa para a indústria de energia nuclear do país. Com informações da Folhapress.