'Não se pode esquecer que Weinstein foi grande produtor', diz Binoche

A fala da atriz ressoa, de alguma forma, a posição, menos radical, que artistas e intelectuais francesas têm manifestado em relação ao movimento feminista #MeToo

© REUTERS / Michele Tantussi

Cultura Festival 07/02/19 POR Folhapress

GUILHERME GENESTRETI-  Presidente do júri da atual edição do Festival de Berlim, a atriz Juliette Binoche surpreendeu quem esperava dela alguma declaração mais combativa em relação ao hoje arruinado Harvey Weinstein.

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"Não podemos nos esquecer de que ele foi um grande produtor", afirmou a francesa na conversa com a imprensa que abriu a mostra alemã de cinema, na manhã desta quinta (7). "Muitas pessoas já se posicionaram, inclusive eu. Acho que ele teve o suficiente e agora é a hora de a Justiça fazer o trabalho."

A fala da atriz ressoa, de alguma forma, a posição, menos radical, que artistas e intelectuais francesas têm manifestado em relação ao movimento feminista #MeToo. No ano passado, sua conterrânea Catherine Deneuve criticou a sanha condenatória de suas colegas americanas em relação ao tema do assédio.

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Binoche comemorou o grande número de diretoras, sete no total, na competição deste ano. "Dieter [Kosslick, diretor do festival] me disse que estava feliz porque não teve de selecioná-los por serem dirigidos por mulheres, mas porque são efetivamente bons. É um bom sinal."

A seu lado, Rajendra Roy, curador-chefe da parte de cinema do MoMA (Museu de Arte de Moderna de Nova York), trajava uma camiseta vermelha com os dizeres "The Future Is Female" (o futuro é feminino). Ele também integra o júri do Festival de Berlim.

Além de Binoche e Roy, integram o corpo de jurados desta edição da mostra a atriz alemã Sandra Hüller ("Toni Erdmann"), a produtora britânica Trudie Styler ("Skin"), o diretor chileno Sebastián Lelio ("Uma Mulher Fantástica") e o crítico americano Justin Chang.

Eles foram questionados sobre a presença de uma produção da Netflix na competição ("Elisa y Marcela", da espanhola Isabel Coixet). Mostras como a de Cannes têm sido inflexíveis e não admitem produções do streaming na seção principal.

"Podemos questionar a forma como essas empresas fragilizam o cinema independente, mas são uma nova forma de produção e, como tudo o que é novo, são empolgantes", disse Binoche. Ela afirmou que "Elisa y Marcela" será exibido nos cinemas espanhóis, o que derrubaria críticas a respeito de sua escalação.

Já o cineasta Sebatián Lelio foi mais enfático em sua defesa do circuito tradicional de exibição. "Me pergunto se um filme terá a mesma relevância cultural se ele não é lançado nos cinemas", disse o diretor. "Estamos numa encruzilhada, mas sou um defensor da experiência coletiva de se ver um filme nas salas." *O jornalista se hospeda a convite do Festival de Berlim

Com informações da Folhapress. 

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