© Stephane Mahe/Reuters
Morto, Emiliano Sala se tornou mais conhecido em seu país natal do que quando era vivo.
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A queda do avião que levava o jogador de 28 anos de Nantes para Cardiff, quando sobrevoava o Canal da Mancha, mobilizou a Argentina. Tornou o atacante um nome familiar a todos os seus compatriotas, não apenas para os mais aficionados no futebol, como acontecia antes.
Sala esperava que isso acontecesse quando fosse enfim chamado para a seleção argentina. Na atual temporada europeia, ele vivia o melhor momento da carreira. A chance poderia chegar logo.
"Não é uma obsessão, mas penso nisso. Se vier a convocação, será muito bem-vinda", reconheceu.
Com 12 gols pelo Nantes, ele disputava a artilharia do Campeonato Francês com Mbappé, Cavani e Neymar, o trio ofensivo do Paris Saint-Germain, até ser vendido para o Cardiff, da primeira divisão da Inglaterra.
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Sala foi a contratação mais cara da história do clube galês, comprado por 22 milhões de euros (R$ 95 milhões).
A negociação irritou o bósnio Vahid Halilhodzic, técnico do Nantes. Ele queria manter o jogador.
"É um menino adorável e é excepcional para trabalhar. Eu gostaria que ficasse porque contamos com o futebol dele", explicou.
A busca por um lugar na seleção argentina representaria a chance de atuar ao lado de Lionel Messi, que deve voltar à equipe neste ano. Ele está fora desde a eliminação na Copa do Mundo da Rússia, em 2018.
Sala compartilhava um aspecto da carreira com o astro do Barcelona. Os dois jamais jogaram como profissionais no futebol argentino.
Nascido em Progresso, um povoado de 3.000 habitantes na província de Santa Fe (onde esta Rosário, a cidade de Messi), Sala foi descoberto aos 15 anos por olheiros do Projeto Crescer, pequena equipe de base que atua como filial do Bordeaux, clube francês da 1ª divisão.
Todos os anos ele viajava para a França, ficava três meses, passava por testes, treinamentos e voltava para Santa Fe. Até que aos 20 anos, tarde para um atleta de futebol, assinou contrato profissional pela primeira vez.
Sem que ninguém soubesse quem era na Argentina, Sala passou pelas equipes filiais do Bordeaux na França. O Orleans, na 3ª divisão, e o Niort, na 2ª. Em ambos se destacou pelos gols e teve sequências de jogos. O que não aconteceu ao enfim ser chamado pelo time dono do seu vínculo.
Cansado de esperar, pediu para ser emprestado em 2015. Seus cinco gols em 13 jogos ajudaram a manter o Caen na elite do futebol francês.
Ele começou a chamar a atenção dos outros times europeus veio no ano seguinte, já com a camisa do Nantes.
"Eu gosto de jogar em velocidade. Gosto de correr. Marcar gols nunca foi difícil para mim. Fiz isso minha vida inteira. Sei como fazer", disse em entrevista para TV francesa.
No Cardiff, ele teria de mostrar isso. Era a aposta para a equipe escapar do rebaixamento e entraria em um elenco com dificuldade para fazer gols. Foram 19 anotados nas primeiras 19 rodadas.
Quando viajava para começar a treinar com os novos companheiros, aconteceu o acidente, que ainda não teve as causas esclarecidas.
"Poucos em Cardiff haviam visto Emiliano jogar, mas ainda assim sentimos por seus familiares e amigos em Nantes e na Argentina", afirmou Tim Hartley, diretor da Associação de Torcedores do Cardiff City, onde Sala, que não conseguiu estrear pelo clube, recebeu homenagens. Com informações da Folhapress.