© REUTERS / Adriano Machado (Foto de arquivo) 
Em um contraponto a seus antecessores no Palácio do Planalto, que utilizavam o aplicativo de mensagens com pouca frequência, Jair Bolsonaro transformou o WhatsApp em um instrumento de comunicação presidencial.
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Pelo dispositivo, ele conversa com ministros e autoridades, troca impressões sobre diferentes temas e compartilha artigos ou notícias publicados sobre o governo.
O aplicativo é acessado pelo presidente de um aparelho celular comum, já que não é possível fazê-lo do telefone criptografado fornecido pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
O dispositivo, chamado TCS (Terminal de Comunicação Segura), é entregue aos mandatários do país para que eles o utilizem para tratar de assuntos de interesse público.
O aparelho só permite a comunicação criptografada com outros aparelhos similares e não possibilita a instalação de aplicativos como WhatsApp, Twitter e Instagram, que são bastante acessados por Bolsonaro. O Twitter, por exemplo, é utilizado por ele para fazer anúncios oficiais.
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Pelo WhatsApp, por exemplo, o governador de São Paulo, João Doria, marcou com o presidente visita feita a ele na segunda-feira (11), no hospital Albert Einsten, na capital paulista. O vice-presidente Hamilton Mourão também afirmou que trocou pelo aplicativo mensagens com Bolsonaro no sábado (9).
O uso da tecnologia é visto com reserva por integrantes do setor de inteligência do Palácio do Planalto.Para eles, apesar de ser prático, o aplicativo de mensagens não é seguro o suficiente para garantir o sigilo absoluto das informações compartilhadas.
O receio maior é de que o presidente se descuide e acabe utilizando a tecnologia em despachos com a equipe ministerial, trocando informações sensíveis que possam colocar em risco a sua própria segurança e prejudiquem iniciativas do governo.
A avaliação também é feita por assessores presidenciais, para os quais o WhatsApp não é totalmente confiável. Eles dizem, porém, que Bolsonaro tem evitado compartilhar conteúdo confidencial pelo aplicativo de mensagens.
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"Ele utiliza para o envio de mensagens informais. Em relação aos assuntos que exigem reserva, ele opta pelos meios de comunicação da Presidência da República", disse o porta-voz do governo, Otávio Santana do Rêgo Barros.
Procurado pela reportagem, o WhatsApp não quis se pronunciar.Pessoas próximas ao presidente disseram à reportagem que o celular criptografado possui um serviço de conversas similar ao WhatsApp, com chave e servidor administrados pela Abin. Ele, no entanto, é considerado menos prático que o aplicativo de mensagens, o que leva Bolsonaro a utilizar outro aparelho.
Os antecessores do presidente não recorriam tanto ao WhatsApp. Dilma Rousseff, por exemplo, só adquiriu um aparelho com o aplicativo na fase final de seu segundo mandato. Antes, quando precisava se comunicar pelo dispositivo, utilizava o telefone de seus assessores pessoais.
Já Michel Temer raramente respondia às mensagens enviadas, preferindo o contato telefônico. Em 2016, porém, um áudio enviado por ele pelo WhatsApp foi vazado, gerando uma crise de governo. Na gravação, ele falava do impeachment de Dilma como se já tivesse sido aprovado, o que o afastou ainda mais da petista.
Bolsonaro não é o único presidente que prefere utilizar um telefone comum. Nos Estados Unidos, quando assumiu o cargo, Barack Obama foi aconselhado pelo serviço secreto a não utilizar mais seu telefone pessoal, um BlackBerry. Ele, contudo, insistiu no aparelho, o que obrigou o governo americano a instalar uma encriptação intensificada no celular.
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Como Temer e Dilma, além do celular fornecido pela Abin, Bolsonaro dispõe de um e-mail funcional criptografado e um telefone fixo que também tem sistema de segurança.
Durante seu mandato, com receio de ser gravado, Temer mandou instalar no gabinete presidencial um dispositivo que dificulta a compreensão de áudios captados por aparelhos eletrônicos.
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Chamado de "misturador de voz", o aparato emite sinais sonoros, não captados pelo ouvido humano, que interferem na gravação do som ambiente e sobrepõem o áudio de conversas feitas no local de despachos do presidente.
Em 2017, o então presidente foi gravado, no Palácio do Jaburu, pelo empresário Joesley Batista, da JBS. O conteúdo foi utilizado em denúncia contra ele por corrupção passiva. Com informações da Folhapress.
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