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A empresa do helicóptero que se acidentou na última segunda-feira (11), matando o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci, tem um histórico de pelo menos outros três acidentes, envolvendo suspeitas de má condução e falta de manutenção. Nenhum dos casos, porém, com mortes.
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A RQ Serviços Aéreos Especializados tem como seu principal sócio o próprio Quattucci. Nesta quarta-feira (13), a Anac suspendeu a empresa e interditou suas aeronaves, após a constatação de que a RQ estava fazendo táxi aéreo de maneira irregular.
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No histórico de acidentes vinculados à empresa, o primeiro ocorreu em 2005. Um helicóptero Robinson 22, com prefixo PT-YCZ, estava sobrevoando a marginal Pinheiros, com um repórter que transmitia para a rádio Eldorado a situação do trânsito na via.
Após perder o controle do voo, o helicóptero fez um pouso forçado na pista expressa da marginal. Na época o piloto disse que perdeu o controle a 150 metros de altura.
Uma investigação da Aeronáutica indicou que a má manutenção do helicóptero da RQ foi um dos elementos que causaram o acidente. Uma correia teria se rompido devido a fadiga do material.
A seguradora da aeronave processou a empresa que fez sua manutenção, pedindo o ressarcimento de R$ 380 mil pagos à RQ pelo seguro. Nesse processo na Justiça, um perito declarou que a aeronave acidentada também havia recebido o rolamento já usado, fato que é descrito no processo como "absolutamente condenável e não recomendado pelo fabricante da aeronave".
Em 2010, um helicóptero modelo Robinson 44 operado pela empresa de Quattrucci teve de fazer um pouso forçado no canteiro central da rodovia Anchieta, após decolar de São Bernardo do Campo.
Oficialmente, a aeronave estava registrada no nome de outra empresa com sede em Campinas, que disse que a operação ficava à cargo da RQ.
No voo, dois passageiros saíram com ferimentos leves. Em relação a este caso, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) emitiu diversas multas relacionadas a informações que deveriam ter sido enviadas à agência, mas não o foram.
A Aeronáutica verificou que o piloto deixou de checar o peso de seus passageiros, estimando 70 kg para cada (na verdade, eles pesavam de 92 kg a 120 kg). O voo foi iniciado com peso acima do permitido.
Já em 2012, outro helicóptero de Quattrucci caiu na cidade de Itaquaquecetuba.
Além desses casos, uma das antigas sócias da RQ, que foi substituída em 2015, já tinha tido duas aeronaves suas envolvidas em acidentes, em 1998. Em um dos acidentes, quando uma equipe da TV Globo era transportada ao monte Roraima, um operador de áudio morreu.
O Brasil registrou, em 2017, 11 acidentes de helicópteros, sendo dois com mortes - o número é equivalente ao cenário no México e inferior a o registrado em países como EUA e Canadá.
No voo da última segunda, quando Quattrucci e Boechat morreram, a empresa do piloto não tinha autorização para fazer táxi aéreo, modalidade de transporte mais restritiva e regulada pela Anac. O jornalista Ricardo Boechat embarcou no helicóptero por volta do meio dia, em Campinas com destino a São Paulo. Boechat havia participado de um evento da farmacêutica Libbs. A RQ foi contratada pela Zum Brazil para o transporte aéreo - a Zum Brazil, por sua vez, foi contratada pela Libbs para organização do evento.
Enquanto aguardou o jornalista no evento, Quattrucci pousou no hangar da empresa Helitec, que presta serviços mecânicos em helicópteros, no aeroporto Campo dos Amarais, em Campinas. Segundo a Helitec, o piloto parou ali só para tomar um café com o dono da empresa. Quattrucci não teria reportado nenhuma avaria. Ainda segundo a empresa, nenhuma inspeção ou manutenção foi feita.
Após o evento, Quattrucci decolou e buscou Boechat no hotel para levá-lo de volta a São Paulo. No caminho, o helicóptero perdeu o controle e caiu sobre a rodovia Anhanguera. Para a polícia, o piloto tentou fazer um pouso forçado após detectar uma falha.
A reportagem tentou contatar o sócio de Quattrucci na RQ, mas não obteve resposta. Com informações da Folhapress.