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O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou nesta quinta-feira (14) que a agência americana US Corps of Engineers será responsável por revisar todos os processos de barragens da mineradora após o desastre em Brumadinho (MG).
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"A Vale humildemente reconhece que seja lá o que a gente vinha fazendo, não funcionou", afirmou em depoimento à comissão externa da Câmara que trata da tragédia.
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A agência americana também poderá colaborar em melhorias do código de mineração. O US Corps of Engineers é responsável pelas avaliações de risco das barragens nos Estados Unidos.
O rompimento da barragem em 25 de janeiro deixou, até o momento, 166 mortos e 155 desaparecidos.
Segundo Schvartsman, a mineradora "não pode ser condenada por um acidente, por maior que tenha sido a tragédia".
O presidente da empresa afirmou ainda que a barragem não apresentava risco iminente de rompimento e que teria sido a primeira vez que uma estrutura desativada -como estava a de Brumadinho, desde 2015– se rompeu.
Schvartsman também afirmou que os gestores locais têm autonomia para tomar decisões em caso de perigo iminente, sem passar por outras instâncias da empresa.
A Folha de S.Paulo revelou que o plano de emergência da barragem previa que, em caso de rompimento da barragem, a lama destruiria as áreas industriais da mina de Córrego do Feijão, incluindo o restaurante e a sede da unidade.
O relatório é usado pelo Ministério Público de Minas Gerais em ação civil pública em que pede a adoção de medidas imediatas para evitar novos desastres, já que dez barragens, incluindo a de Brumadinho, estariam em situação de risco, segundo o documento da própria mineradora.
A Vale questiona a Promotoria e diz que o estudo indica estruturas que receberam recomendações de manutenção, as quais já estariam em curso. A empresa defende ainda que a barragem de Brumadinho não corria risco iminente.
Após o rompimento, os rejeitos de minério de ferro atingiram uma área administrativa da empresa, onde havia cerca de 300 funcionários e colaboradores, e também uma zona residencial de Brumadinho.
O rompimento liberou cerca de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos, que entraram no rio Paraopeba.A estimativa é a de que esse volume represente um quarto do que foi liberado no acidente com a barragem de Fundão, em Mariana, que pertencia à Samarco, empresa controlada pela Vale e pela BHP Billiton.
Na ocasião, em novembro de 2015, 19 pessoas morreram, e milhares foram atingidas pelos estragos do rastro de lama, que contaminou o rio Doce e chegou até o litoral do Espírito Santo, matando animais e prejudicando o abastecimento de água. Com informações da Folhapress.