© REUTERS / Sergio Moraes (Foto de arquivo) 
A oposição ao governo Jair Bolsonaro quer que o agora ex-ministro da Secretaria-Geral Gustavo Bebianno vá ao Congresso prestar esclarecimentos sobre as denúncias de candidaturas de laranjas no PSL, partido do presidente da República.
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Líder da minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), havia protocolado requerimento de convocação do ministro na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC).
No entanto, como não é mais ministro, Bebianno não pode mais ser obrigado a comparecer. Por isso, na noite desta segunda-feira (18), o senador reapresentou requerimento à CTFC, agora pedindo o convite do ex-chefe da Secretaria-Geral. O mesmo pedido foi apresentado à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Bebianno caiu após uma crise instalada no Palácio do Planalto com a revelação pela Folha de S.Paulo da existência de um esquema de candidaturas de laranjas do PSL para desviar verba pública eleitoral. O partido foi presidido por ele durante as eleições de 2018, em campanha de Bolsonaro marcada por um discurso de ética e de combate à corrupção.
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"Este episódio não será superado com a exoneração. O ministro Gustavo Bebianno fez graves e pesadas acusações ao presidente da República e ele próprio tem explicações a dar sobre como ocorreu o financiamento das candidaturas do presidente da República e do próprio presidente", afirmou Randolfe.
Para o senador, com a saída de Bebianno, o governo perde um de seus poucos interlocutores com o Congresso, o que pode dificultar a tramitação de projetos como a reforma da Previdência e o pacote anticrime.
Na Câmara, o PSOL também avalia se entrará com um requerimento para convidar Bebianno. O partido havia apresentado uma convocação para que o ministro desse esclarecimentos ao plenário, mas ele não chegou a ser votado.
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"O caso Bebianno não se restringe aos laranjais, porque senão teria que demitir também o ministro do Turismo, e o Luciano Bivar. O problema é que ele sabe tudo da campanha, das fake news", afirmou o líder da legenda, Ivan Valente (SP).
A demissão de Bebianno mobilizou a oposição ao governo no Congresso também nas redes sociais.
"Este é o padrão do governo Bolsonaro: confusão, intrigas e uso da máquina pública para proteger seus aliados. O partido que ia acabar com a corrupção virou o Partido Só Laranja (PSL) e se afunda, cada dia mais, nos esquemas que armou", disse o deputado Henrique Fontana (PT-RS).
"O fato é que Bolsonaro é tão covarde que não tem sequer coragem de confirmar que a demissão de Bebianno é motivada pelas acusações de crime eleitoral e desvio de recursos", disse a deputada Margarida Salomão (PT-MG).
"A demissão de Bebianno não encerra o assunto do Laranjal. Seguiremos exigindo investigações independentes e punição dos responsáveis. E esperamos que Bebianno fale o que sabe sobre as irregularidades da campanha do PSL", escreveu Guilherme Boulos.
Filiado ao PSL, o deputado Alexandre Frota (SP), disse que, com a demissão, Bolsonaro cumpriu uma promessa. "Bebiano caiu. Bolsonaro cumpriu o que falou", escreveu na internet. Com informações da Folhapress.
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