© Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
O Banco Itaú espera que a proposta de reforma da Previdência seja aprovada pelo Congresso no fim do segundo semestre e gere uma economia próxima de R$ 550 bilhões em dez anos, disse nesta terça-feira (19) Mario Mesquita, economista-chefe do banco.
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"O número não é ruim, não", disse Mesquita. Como medida de comparação, apenas as mudanças na idade mínima e transição gerariam economia de R$ 462 bilhões em dez anos.
Segundo Mesquita, a expectativa é que a proposta passe pela Câmara em agosto e, no Senado, entre outubro e novembro.
Na avaliação do economista, fatores como a exoneração do secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, não prejudicam o encaminhamento da proposta.
"Aprovar vai ser um processo de vários meses. O episódio de curto prazo não deve ter efeito tão prolongado", disse ele, ao ressaltar que Bolsonaro tem a popularidade e a identificação ideológica com Congresso a seu favor –mas ainda desenvolve capacidade de articulação.
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DESIDRATAÇÃO DA PROPOSTA
A economia total de R$ 550 bilhões em dez anos prevista pelo banco fica um pouco acima daquela que seria gerada se mudanças atingissem apenas a idade mínima -de 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres)- e o período de transição de até 12 anos.
Nas contas do Itaú, essas mudanças gerariam, sozinhas, economia de R$ 462 bilhões em dez anos ou algo próximo de 1,15% do PIB.
Isso porque, na avaliação do banco, a estratégia do governo será enviar primeiramente uma proposta mais robusta porque sabe que ela será desidratada pelo Congresso.
Entre os pontos que correm riscos de serem alterados estão, por exemplo, a esperada nova regra de acesso ao BPC (benefício aos mais pobres e deficientes) e uma possível paridade entre aposentadoria urbana e rural.
O Itaú também conta com a possibilidade de ter alguma mudança adicional tanto na idade mínima quanto no tempo de transição já sugeridos. E não inclui na conta eventual mudança de regra nas aposentadorias estaduais.
Sem a aprovação da proposta da equipe de Bolsonaro, Mesquita lembrou que a desvinculação do Orçamento pode ser colocada na mesa, como já disse o ministro da Economia, Paulo Guedes. Para o Itaú, a equipe econômica poderia até mesmo reapresentar a proposta de Michel Temer.
Aprovada a reforma, disse Mesquita, ela não será suficiente, porém, para o processo de ajuste fiscal, que ainda dependerá de novas regras para reajustes dos servidores, nova regra do mínimo, retomada do crescimento e, talvez, "algum aumento de imposto." Com informações da Folhapress.