© Marcos Corrêa/PR
Com o agravamento da crise no governo, após o vazamento de áudios do presidente Jair Bolsonaro, o Palácio do Planalto orientou a equipe ministerial a não falar sobre o assunto publicamente e a tratar o ex-ministro da Secretaria-Geral Gustavo Bebianno como "página virada".
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A ordem, repassada em reunião ministerial na manhã desta terça-feira (19), foi de que o foco de todo o governo neste momento deve ser a reforma previdenciária e o pacote anticrime, em uma estratégia para tentar ofuscar o episódio que teve como desfecho a primeira queda no primeiro escalão da nova gestão.
Bebianno caiu após uma crise instalada no Palácio do Planalto com a revelação pela Folha de S.Paulo da existência de um esquema de candidaturas laranjas do PSL para desviar verba pública eleitoral. O partido foi presidido por ele durante as eleições de 2018, em campanha de Bolsonaro marcada por um discurso de ética e de combate à corrupção.
Nas palavras de um assessor presidencial, o plano é "não dar mais holofotes" para Bebianno, minimizar o conteúdo das gravações divulgadas e impor uma agenda política que seja popular e, assim, ajude a retirar o assunto da pauta.
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A estratégia começou a ser colocada em prática já nesta terça-feira (19). "Acho que a vida segue. Não vale a pena voltar a esse assunto", disse o ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz, ao ser perguntado sobre o tema.
Em linha semelhante, o vice-presidente Hamilton Mourão disse mais cedo, questionado sobre a crise no governo, que Bebbiano é "history", ou seja, que virou um fato do passado. Ele negou que o nome do ex-ministro tenha sido citado durante a reunião ministerial.
A ideia é que a única manifestação oficial sobre o assunto seja dada pelo porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, que se pronunciará ainda nesta terça-feira (19). Depois, a orientação é o silêncio absoluto.
Nesta terça-feira (19), a revista Veja divulgou áudios de conversas entre Bolsonaro e Bebianno que confrontam a versão do presidente de que ele não havia tratado com o então ministro no dia 12 de fevereiro, um dia antes de sua alta médica no hospital Albert Einstein, na capital paulista.
Naquele dia, como revela a publicação, o presidente conversou com o ex-ministro pelo aplicativo de mensagens WhatsApp três vezes. As gravações mostram ainda que ambos conversaram também sobre o esquema de candidaturas laranjas do PSL, revelado pela Folha de S.Paulo.
No diálogo, o presidente fez referência a denúncia de que uma candidata laranja em Pernambuco recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição do ano passado. Ele afirmou que querem "empurrar essa batata quente" em seu colo.
Segundo relatos feitos à reportagem, o presidente esperava que, como retaliação por ter sido demitido, Bebianno divulgasse áudios que reforçassem a versão de que não mentiu, mas não esperava que ele vazasse outros conteúdos, como os comentários do presidente sobre o escândalo dos laranjas.
Em entrevista ao Globo, Bebianno disse na semana passada que havia conversado três vezes com o presidente. No dia seguinte, no entanto, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) disse que o então ministro havia mentido, o que foi chancelado pelo presidente, em entrevista à TV Record. Com informações da Folhapress.