© Remo Casilli / Reuters
Vítimas de pedofilia protestaram no Vaticano na manhã desta quarta-feira (20), véspera do início da cúpula convocada pelo papa Francisco para discutir soluções para casos de abuso sexual na Igreja Católica.
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O grupo faz parte da organização internacional Ending Clergy Abuse (Acabar com o Abuso do Clero, em tradução livre), que reúne sobreviventes de 22 países. A delegação, no entanto, não foi recebida por autoridades vaticanas, ao contrário de outras vítimas de pedofilia.
"Eles escolheram falar com as vítimas que eles querem, mas devem entender que representamos 22 países", disse um dos porta-vozes do protesto, Peter Saunders, britânico que abandonara a comissão antiabusos do Papa por uma suposta falta de cooperação da Cúria.
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A Ending Clergy Abuse exige a expulsão imediata de padres pedófilos e de bispos e cardeais que tenham acobertado suas ações. A cúpula convocada por Francisco reunirá conferências episcopais do mundo inteiro e definirá protocolos claros para combater abusos no clero.
Também para pressionar o Papa, dois cardeais conservadores, o americano Raymond Burke e o alemão Walter Brandmuller, publicaram uma carta aberta exigindo o fim do que eles chamam de "praga da agenda homossexual" na Igreja.
Ambos romperam com Francisco por conta de seu desejo de permitir a comunhão de divorciados católicos e dizem que padres abusadores são protegidos por "redes organizadas" e por um "clima de cumplicidade".
Pedofilia
Escândalos de abuso sexual são recorrentes na história da Igreja Católica, mas ganharam nova luz em 2018, com as visitas de Jorge Bergoglio a países afetados por casos de pedofilia, como Chile e Irlanda.
Além disso, um de seus aliados mais próximos, o cardeal australiano George Pell, prefeito da Secretaria de Economia do Vaticano, virou réu por supostos abusos cometidos nas décadas de 1970 e 1990.
Já nos Estados Unidos, um relatório do Ministério Público da Pensilvânia listou cerca de 300 religiosos suspeitos de crimes sexuais e mais de mil vítimas, além de ter acusado a Igreja de encobrir os escândalos.
Por sua vez, Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico em Washington, divulgou uma carta na qual acusa o próprio Francisco de saber desde o início de seu pontificado dos abusos cometidos por Theodore McCarrick, afastado do colégio de cardeais apenas em julho passado.
McCarrick, 88, é acusado de abusar de seminaristas adultos e de violentar um adolescente 45 anos atrás. (ANSA)