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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo de São Paulo irá procurar, em conjunto com a Ford, um comprador para a fábrica da empresa em São Bernardo do Campo (SP).
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A companhia anunciou na última terça-feira (19) que fechará a unidade, onde são produzidos caminhões e carros modelo Fiesta.
O governador paulista João Doria (PSDB) falou a grupo de jornalistas após reunião com a direção da empresa para a América Latina, num encontro que classificou como duro e positivo.
Segundo o governador, o comprador da fábrica poderá ser um grupo nacional ou internacional.
O objetivo da entrada do governo na negociação, segundo Dória, é preservar empregos e o parque fabril já em operação.
A busca por comprador será conduzida pelo secretário da Fazenda do estado, Henrique Meirelles, e Rogélio Goldfarb, vice-presidente da Ford.
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Segundo Doria, além da venda da unidade, foi definido que serão mantidas as atividades da empresa em fábrica de Taubaté, com 1.260 trabalhadores, em unidades de Barueri, com 250, e Tatuí, com 150. Também serão mantidos empregos no centro administrativo da companhia em São Bernardo, com 1.200 funcionários.
A fábrica da Ford em São Bernardo conta com 2.800 profissionais diretos e 2.000 indiretos, segundo a prefeitura da cidade. Segundo Doria, os empregos deles estão assegurados neste ano e o governo trabalha para preservá-los no futuro.
Em termos de receita, a Prefeitura de São Bernardo diz que a fábrica da Ford na cidade é responsável por uma arrecadação de mais de R$ 18 milhões por ano - R$ 14,5 milhões com ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e outros R$ 4 milhões de ISS (Imposto Sobre Serviços).
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Sobre o insucesso da companhia em vender a mesma fábrica em 2018, Doria diz que o país vive momento melhor, passada as incertezas das eleições, com novo governo federal e com uma administração estadual pró-mercado.
Doria afirmou que, na venda da fábrica, será respeitada a liberdade de mercado e não será possível exigir do comprador a manutenção de todos os empregos, apesar de ela ser desejável.
"Não se pode fazer imposição ao comprador [de manter todos os postos de trabalho]. Vamos buscar uma ação de mercado na defesa do parque industrial e da manutenção de empregos."
Sobre a GM, que ameaçou deixar o estado em janeiro, Doria disse que um anúncio a este respeito deve ser feito após o Carnaval.
Orlando Morando (PSDB), prefeito de São Bernardo, também presente no encontro, negou que a cidade, um dos principais polos automotivos do Brasil, passe por momento de esvaziamento.
Segundo ele, o caso da Ford é uma exceção e as demais montadoras seguem investindo e contratando.
Meirelles, secretário da Fazenda, atribuiu o fechamento da fábrica da Ford a mudanças que vêm ocorrendo na indústria automotiva em todo mundo, resultantes da introdução de novas tendências como o avanço dos veículos elétricos e a aposta nos carros autônomos.
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"Existem mudanças globais constantes, importantes para que se possa entender movimentos locais. É importante enfatizarmos isso, ou vamos ficar o tempo todo tentando entender o que aconteceu com a indústria, perguntando se aconteceu algo com São Paulo, com o Brasil. Mas há um movimento global de mudanças."