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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Quase seis meses após o incêndio que em 2 de setembro de 2018 destruiu grande parte de seu acervo, o Museu Nacional inaugura nesta quarta-feira (27) uma exposição gratuita com mais de cem itens -inteiros ou parcialmente danificados- achados por pesquisadores em meio aos escombros.
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A mostra "Museu Nacional Vive - Arqueologia do Resgate" ficará aberta ao público até 29 de abril, no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro do Rio de Janeiro. Das 180 peças exibidas, 103 estavam no edifício no dia em que ele pegou fogo. A Polícia Federal ainda não concluiu inquérito sobre as causas do incidente.
Esta é a segunda exposição que terá itens resgatados. A primeira, "Quando Nem Tudo Era Gelo - Novas Descobertas no Continente Antártico", foi inaugurada em janeiro no Palacete da Casa da Moeda, também no centro do Rio, e traz oito peças recuperadas, como fragmentos de troncos de árvores fossilizados que ficaram cobertos por pedaços de metal de um armário que derreteu com as chamas. Esta exibição, que vai até 17 de maio, estava sendo planejada para acontecer em uma das salas do Museu Nacional, mas o incêndio acabou com esse plano.
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No total já foram catalogados mais de 2.000 itens achados nos escombros, mas ainda não há uma estimativa do que isso representa em termos percentuais. Vários desses objetos podem ser fragmentos de uma peça só, e entre eles há equipamentos, itens pessoais e fragmentos arquitetônicos.
Essas unidades foram resgatadas por uma equipe de 60 pesquisadores do próprio museu que nos últimos meses têm entrado em cada sala do prédio bicentenário junto com operários da empresa Concrejato –contratada pela UFRJ (Universidade Federal do RJ) para reforçar a estrutura do prédio.
Os trabalhos de busca do acervo devem durar até o final do ano, mas as obras de reforço do edifício e instalação de um teto provisório estão previstas para acabar em março.
Os objetos vão sendo coletados, encaminhados para triagem, catalogados, estabilizados (processo que evita a deterioração) e depois restaurados, tudo isso em cerca de 20 contêineres montados do lado de fora do museu –a instituição diz que precisa do dobro.
Entre os itens achados já identificados estão minerais e peças de arqueologia e etnologia (ciência que estuda povos e culturas), como as bonecas Karajá, cerâmicas feitas por mulheres indígenas no início do século 20 e consideradas patrimônio imaterial brasileiro.
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Em outubro, foram encontrados o crânio e uma parte do fêmur de Luzia, o esqueleto humano mais antigo descoberto na América. Ele revolucionou as teorias científicas sobre a ocupação do continente, mostrando que houve duas levas migratórias de Homo sapiens, e não apenas uma.
O acervo tinha no total mais de 20 milhões de peças, incluindo o que não foi atingido pelo incêndio. As coleções de invertebrados, vertebrados e de botânica eram algumas das que estavam armazenadas em prédios anexos.
Desde dezembro, quem não conheceu o Museu Nacional também pode circular virtualmente por suas principais salas e coleções em uma visita online guiada com imagens capturadas pela plataforma Google Street View antes da tragédia.