© Marcos Corrêa/PR
JOELMIR TAVARES, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) confirmou nesta terça-feira (26) a intenção de concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2020, mas disse que o assunto não é sua prioridade agora.
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A Folha de S.Paulo mostrou nesta terça que o governador João Doria (PSDB) tem estimulado a parlamentar a disputar a eleição municipal, num momento em que se distancia de seu colega de sigla e ex-vice Bruno Covas, atual prefeito da capital paulista.
"Tem muita água para passar debaixo da ponte. Mas não vou ser hipócrita de dizer não, para amanhã eu esticar a língua na guilhotina e cortar a minha língua", disse Joice sobre a intenção de se candidatar.
"Eu fui eleita para ser deputada. Quem decide para que rumo eu vou é o povo de São Paulo, que me elegeu. Eu não posso dizer nem que sim nem que não", despistou ela na saída de seminário do banco BTG Pactual, em São Paulo.
A parlamentar disse ainda que "não tem o menor sentido" falar que Doria está incentivando sua eventual candidatura. Os dois são amigos e se aliaram publicamente no segundo turno da eleição passada, pregando o voto "BolsoDoria".
"O Doria é do PSDB e é meu amigo. Mas ele não vai estimular a minha candidatura, que é de outro partido", afirmou ela a jornalistas.
"O meu partido, por óbvio, já me sondou. Tanto o presidente quanto o vice-presidente [da sigla] falaram: 'Olha, você é um bom nome. Você e a Janaina [Paschoal, deputada estadual eleita em São Paulo]."
"Tem coisas mais urgentes agora do que pensar na prefeitura", concluiu ela.
Joice chegou atrasada ao debate para o qual estava convidada. Culpou o trânsito lento após uma madrugada de forte chuva na capital paulista.
"Todas as árvores que poderiam cair caíram. Todos os buracos que poderiam abrir se abriram. E o prefeito vai ter trabalho", disse, numa referência a Bruno Covas.
Em redes sociais, a deputada tem feito críticas à gestão do tucano.
Nesta manhã, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente, compartilhou no Twitter o título da reportagem da Folha de S.Paulo sobre a possível candidatura de Joice e respondeu a uma seguidora que o aconselhou a não atacar a deputada.
"Não estou nenhum [sic] pouco preocupado com Joyce [sic]. Boa sorte a ela em seus anseios!", afirmou o filho de Bolsonaro.
Indagada pela Folha de S.Paulo sobre o tuíte, Joice rebateu: "O Carlos tem o direito de dar a opinião dele, como ele quiser e bem entender, assim como eu tenho o direito. De fato, boa sorte para mim nos meus anseios. E boa sorte para ele nos anseios dele".
"Eu estou aqui para trabalhar pelo Brasil. Não estou aqui para fazer picuinha com figura A, B ou C", arrematou.
Minutos após deixar o local do evento, Joice foi ao Twitter responder a Carlos. Escreveu que a Folha de S.Paulo está "plantando uma mentira deslavada" ao noticiar o estímulo de Doria à sua candidatura.
"Coisa sem pé nem cabeça. Pq será q o jornalista ñ me ligou para checar a informação? Eu respondo: pq é mentira! Meu compromisso é com Brasil. Vamos aprovar a Nova Previdência TODOS juntos com @jairbolsonaro", publicou.
Também nesta terça, Doria deu entrevista ao lado de Covas depois de um compromisso do governo e procurou desmentir qualquer estremecimento na relação dos dois.
"Não quero aqui fazer nenhum estigma a qualquer veículo de comunicação, mas para ficar claro que a nossa relação é a melhor, a mais estreita, a mais próxima possível", afirmou o governador. Covas então olhou nos olhos dele e sorriu.
Joice gastou a maior parte do tempo no evento do BTG falando sobre a reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro (PSL). Disse estar alinhada com o presidente na expectativa de que o Congresso aprove o projeto no primeiro semestre.
"Falo que é final de maio, para a gente também ter uma gordurinha. Porque vai que atrasa um pouquinho", afirmou em relação à data de aprovação na Câmara. Depois o texto seguirá para o Senado.
Segundo ela, o presidente se preocupa com o risco de o Congresso "desvirtuar demais" o texto da reforma. Joice relatou ter dito a ele que é impossível evitar que o projeto final tenha "a digital do Parlamento".
"Mas por óbvio que a gente vai trabalhar para que o texto tenha um impacto [econômico] grande, senão não tem razão de ser", acrescentou.
Joice disse que líderes de bancadas vão se reunir com o presidente nesta terça-feira em Brasília para discutir a tramitação do projeto das aposentadorias.
"O presidente, no jeito muito simples dele falar, o jeitão do Bolsonaro, ele fala: 'Pô, se não aprovar, o Brasil quebrou, tá ok?'."
A parlamentar indicou que deve ser mesmo a líder do governo no Congresso, mas falou que não cabe a ela anunciar a nomeação, prevista para ocorrer nos próximos dias.
"Quem anuncia líder não é nem o presidente do Senado nem o presidente da Câmara, é o presidente da República", afirmou, mostrando-se otimista com a possibilidade.
Num esforço para demonstrar que o governo conseguirá os votos suficientes para passar a reforma da Previdência, Joice disse que "o jogo começou agora" e que a base de apoio está sendo construída.
"Não é fácil, porque todos pensam em impacto na sua eleição. Alguns perguntam: 'O que é que eu ganho com isso? Qual é a contrapartida para eu votar com o governo?'. Para esses parlamentares nós vamos ter uma conversa no tête-à-tête, olho no olho." Com informações da Folhapress.