Advogado que espancou empresária não tem distúrbios psiquiátricos

Os procuradores pedem que Serra seja condenado por homicídio qualificado, que prevê pena de reclusão de 12 a 30 anos

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Justiça Exame 28/02/19 POR Estadao Conteudo

O advogado Vinicius Batista da Serra, de 27 anos, que espancou a paisagista Elaine Peres Caparroz, de 55 anos, teve alta no início da tarde desta quarta-feira, 27, do Hospital Penal Psiquiátrico Roberto Medeiros, onde estava internado. Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), não foram constatados distúrbios psicológicos e, por isso, ele será transferido para uma unidade prisional comum.

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"O interno ficou acautelado na unidade prisional em observação médica, onde, após última avaliação psiquiátrica, foi constatada estabilidade no quadro médico. Além disso, após resultados dos exames feitos durante a internação, não houve alteração do quadro clínico psicopatológico", informou a Seap, em nota.

Justiça torna réu lutador que confessou agressão contra paisagista

O Ministério Público do Estado do Rio divulgou nesta quarta-feira que Serra não só teve a intenção de matá-la como, de fato, acreditava que ela estava morta quando deixou seu apartamento. Por isso, o MPRJ pediu a condenação do agressor por homicídio qualificado, com penas de prisão que vão de 12 a 30 anos.

Segundo o MP, o denunciado, "consciente e voluntariamente e com a intenção de matar, espancou violentamente a vítima, causando-lhe lesões corporais graves". Ainda de acordo com o MP, Serra deixou a casa de Elaine, na manhã do sábado, 16, acreditando que havia matado a paisagista.

"De acordo com a denúncia, o crime não ocorreu por circunstâncias alheias à vontade de Serra, que deixou a residência de Elaine acreditando que havia matado a vítima", sustentou o MP. Além disso, apontou um agravante: "A tentativa de homicídio foi praticada de forma dissimulada, já que o denunciado marcou um encontro prévio com a agredida, ocultando sua intenção de matar."

Em postagem em uma rede social, a própria Elaine confirmou a intenção de Serra: "Fui agredida por várias horas seguidas, o que demonstra intensa crueldade e a intenção dele de matar. Só não o fez porque eu obtive socorro, ou seja, por uma circunstância que não dependeu da vontade dele! Apesar dos meus gritos de socorro, ele não titubeou e prosseguiu com o espancamento".

Para o MP, a forma como o crime foi praticado, "com múltiplos golpes desferidos, além da longa duração das agressões, também demonstra a crueldade do ato, executado por razões da condição de sexo feminino e em evidente menosprezo à condição da mulher, o que caracteriza o feminicídio".

Os procuradores pedem que Serra seja condenado por homicídio qualificado, que prevê pena de reclusão de 12 a 30 anos. Além disso, informaram, ele deve ser condenado também ao pagamento de indenização por danos materiais e morais causados à vítima.

Serra e Elaine se conheceram por meio de uma rede social e durante oito meses conversaram virtualmente. No último dia 16 marcaram o primeiro encontro, na casa dela, na Barra da Tijuca, na zona oeste. De acordo com depoimento de Elaine à polícia, eles tomaram vinho, conversaram um pouco e foram dormir. No meio da noite, ela foi acordada e violentamente agredida por Serra ao longo de toda a madrugada.

A paisagista acredita que foi drogada por Serra. A polícia concluiu que ele agiu de forma premeditada, desde o momento em que pediu a amizade de Elaine nas redes sociais.

Elaine foi casada com Ryan Gracie, lutador de jiu-jitsu morto em 2007. Ela é mãe de Rayron Gracie, que também é lutador. Nos perfis de Vinícius nas redes sociais, ele é identificado algumas vezes como lutador de jiu-jitsu. Circula a história de que Vinícius teria sido expulso de uma academia da família Gracie e teria agido por vingança. Ele é conhecido no meio pelo temperamento violento e tem um registro policial de agressão ao próprio irmão.

A paisagista lembrou que o Brasil aparece em quinto lugar no ranking mundial feminicídios, segundo dados de 2015. "Vamos juntas fazer o possível para combater a violência contra a mulher", escreveu ela. "'Nem uma a menos' deve ser a bandeira de toda a sociedade que precisa agir diante dessas ocorrências".

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