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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A sinalização do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de que apoia mudanças na proposta de reforma da Previdência apenas uma semana após sua apresentação ao Congresso ajudou a azedar o dia que já vinha marcado por notícias negativas para a economia do país.
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O resultado foi um tombo de quase 2% da Bolsa brasileira no último pregão de fevereiro, consolidando o mês negativo do mercado. O dólar avançou nesta quinta-feira (28).
Em conversa com grupo restrito de jornalistas, Bolsonaro afirmou que poderá reduzir para 60 anos a idade mínima de aposentadoria de mulheres, ante os 62 propostos na PEC (Proposta de Emenda à Constituição) entregue ao Congresso na semana passada.
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O problema, para o mercado financeiro, é que esse era um ponto fora do radar de questionamentos. Nesta primeira semana de debates públicos, as críticas se centraram principalmente no pagamento feito a idosos muito pobres (o BPC, Benefício de Prestação Continuada), que poderá ser menor que um salário mínimo, e na exigência de contribuição mínima para a aposentadoria rural.
Na mesma conversa ele admitiu fazer concessões no BPC.
À agência de notícias Reuters, um gestor do Rio de Janeiro que preferiu não se identificar resumiu: "Não precisava ter feito esse comentário. Ninguém estava pressionando neste ponto da idade mínima."
"A Previdência mexe com os ânimos. Em dia de notícia boa, os mercados vão reagir bem. Em dia de notícia ruim, vão reagir mal", diz Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.
Essa é apenas uma primeira amostra de como será o reflexo sobre o mercado das discussões da reforma nos próximos meses, turbulência que investidores afirmam estar preparados para enfrentar.
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Mas o dia teve ainda um pacote de notícias econômicas negativas, que mostram a dificuldade de recuperação da economia brasileira.
O PIB (Produto Interno Bruto) avançou 1,1% em 2018, resultado abaixo das estimativas. Além de decepcionante para o mercado, indica que o final do ano passado foi pior que o esperado, especialmente pela ótica de investimentos, diz Bandeira.
E o começo de 2019 se desenha igualmente fraco, quando analisados os dados de emprego.
Em janeiro, foi gerada a metade dos postos de trabalho do primeiro mês de 2018. Os 34,3 mil empregos com carteira assinados criados ficaram abaixo da menor projeção de economistas ouvidos pela agência Bloomberg, que era de 65 mil vagas.
Quando a Bolsa brasileira disparou mais de 10% em janeiro, além do otimismo com o novo governo e o compromisso dele com a reforma da Previdência, analistas atribuíam a valorização à expectativa de crescimento da economia, o que ajudaria a sustentar os resultados das empresas de capital aberto.
O Ibovespa, principal índice acionário do país, recuou 1,77% e fechou a quinta cotado a 95.584 pontos. No mês, a queda foi de 1,86%. No ano, a alta acumulada é de 8,76%.
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O giro financeiro nesta quinta foi de R$ 17,138 bilhões, acima da média diária do ano, que gira ao redor de R$ 16 bilhões.
Há ainda a ausência dos investidores estrangeiros, que aguardam sinais mais concretos de aprovação da reforma da Previdência para voltar a aplicar no Brasil. No ano, ingressaram R$ 311 milhões: é o que resta dos R$ 1,5 bilhão que entraram em janeiro após o resgate de R$ 1,2 bilhão foram resgatados durante este mês.
No noticiário corporativo, é preciso destacar o peso da queda das ações ordinárias (com direito a voto) da Petrobras. O papel cedeu quase 3%, reflexo de declarações do presidente da companhia, Roberto Castello Branco, que disse desejar que a companhia pudesse distribuir menos dividendos aos acionistas e usar o dinheiro para reduzir o endividamento.
O mercado de câmbio foi igualmente afetado pelo ambiente de receio com a reforma da Previdência, e o dólar subiu.
Há, porém, um ambiente para a valorização da moeda quando investidores se preparam para vários dias com mercado local fechado pelo carnaval. É uma forma de se proteger de mudanças nas condições econômicas no exterior enquanto é feriado no país.
O dólar encerrou esta quinta a R$ 3,7540, alta de 0,61%. No mês, a alta foi de 3,6%, o que colocou o real na terceira posição entre os emergentes que mais perderam força ante o dólar no período.