Republicanos querem ex-advogado de Trump investigado por perjúrio

Na quarta, Cohen disse que nunca quis ir para a Casa Branca

© REUTERS / Joshua Roberts (Foto de arquivo) 

Mundo EUA 01/03/19 POR Folhapress

NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) - Dois deputados republicanos aliados do presidente Donald Trump enviaram ao Departamento de Justiça um pedido para que investigue Michael Cohen, ex-advogado do republicano que, na quarta (27), acusou o antigo cliente de mentir sobre negócios na Rússia e pagamentos a uma ex-atriz pornô.

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Jim Jordan, de Ohio, e Mark Meadows, da Carolina do Norte, dizem ter evidência de que Cohen, 52, "cometeu perjúrio e conscientemente deu falsas declarações" durante o depoimento de mais de seis horas na quarta.

No documento enviado, eles listam diversos pontos do depoimento que querem que o Departamento de Justiça investigue, incluindo a afirmação do ex-advogado de que nunca procurou emprego na Casa Branca, o fato de ter dito que não cometeu fraude bancária e a informação de que não tinha contratos com entidades estrangeiras.

Na quarta, Cohen disse que nunca quis ir para a Casa Branca.

No entanto, os republicanos argumentam que há registros dos procuradores federais de Nova York de que ele, privadamente, disse a amigos e colegas, incluindo em mensagens de textos, que esperava receber um papel proeminente na nova administração.

Durante o depoimento, Cohen afirmou que a afirmação não estava incorreta.

Jordan e Meadows falam também sobre o trecho em que o ex-advogado diz nunca ter cometido fraude contra um banco.

Eles dizem que, no acordo de Cohen com a procuradoria federal de Nova York, ele descreve "fraude bancária" como um de seus crimes.

Na verdade, Cohen se declarou culpado de dar declarações falsas a uma instituição financeira, não fraude bancária, e os procuradores não argumentaram que algum banco perdeu dinheiro com o testemunho comprometido.

"O depoimento de Cohen é fundamental para a análise, pela comissão, dos motivos que Cohen tinha para ganhar dinheiro com sua antiga associação com o presidente Trump", escrevem os dois congressistas.

"É essencial que o Departamento de Justiça investigue essas contradições incríveis entre Cohen, os procuradores da SDNY [de Nova York], e os relatos públicos de testemunhas com informação de primeira mão."

Eles afirmam ainda que o depoimento de Cohen foi uma tentativa "espetacular e descarada de conscientemente e voluntariamente prestar testemunho falso e fictício sobre vários fatos".

O Departamento de Justiça informou que estava analisando o pedido.

O advogado de Cohen, Lanny Davis, qualificou a tentativa de "triste mau uso do sistema de justiça criminal com a aura de puro partidarismo".

Ele afirmou que seu cliente depôs "sinceramente" perante o comitê de supervisão e reforma da Câmara. "Ele assumiu completa responsabilidade por suas declarações de culpa. Ele também apoiou boa parte de seu depoimento com documentos. Não é surpresa que dois conhecidos membros da comissão pró-Trump façam um pedido criminal sem base", afirmou Davis em comunicado.

Alguns democratas defenderam o ex-advogado de Trump. O presidente da comissão da Câmara, Elijah Cummings, de Maryland, disse acreditar na afirmação de Cohen de que não queria trabalhar na Casa Branca.

"Ele poderia ter ganhado muito mais dinheiro, muito mais dinheiro, fora da Casa Branca do que na Casa Branca. Eu não sei por que você iria querer fazer isso [trabalhar na Casa Branca]."

Na quarta, em depoimento marcado por embates com congressistas republicanos, Cohen acusou o presidente americano de mentir sobre negócios na Rússia durante as eleições e sobre pagamentos para silenciar mulheres com quem teria tido um caso.

Ele disse ainda que os procuradores federais de Nova York estavam investigando atividades criminais envolvendo o republicano e analisando conversas que Cohen teve com Trump ou aliados do presidente dois meses após o FBI (polícia federal) revistar propriedades ligadas ao ex-advogado, em abril de 2018.

No depoimento, Cohen afirmou que o presidente sabia que Roger Stone, seu conselheiro político, estava conversando com Julian Assange sobre a publicação de emails do Comitê Nacional Democrata que prejudicaram Hillary Clinton, adversária de Trump em 2016.

No Vietnã, Trump negou as acusações, mas afirmou que, em um assunto, o ex-advogado não mentiu, sobre a conspiração com a Rússia para interferir nas eleições de 2016.

"Ele não mentiu sobre uma coisa: não teve conspiração com a Rússia. Eu fiquei impressionado por ele não ter falado que teve conspiração. Ele só mentiu 95%, em vez de 100%."

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