© Marcelo Cortes / Flamengo
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Criticado pela condução da crise gerada pela morte de dez atletas em um incêndio no centro de treinamento do Flamengo, Rodolfo Landim, 61, pautou sua campanha pela promessa de assumir responsabilidades por erros na gestão do clube.
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Torcedor com raízes familiares na agremiação, o presidente já vinha alimentando a ideia de se dedicar ao time de coração há tempos, mas só conseguiu liberdade financeira para isso após parceria conturbada, mas lucrativa, com o empresário Eike Batista.
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"Fui presidente de várias empresas na minha vida e você jamais acredite que, se uma coisa dá errado numa companhia, a culpa não é do presidente", disse Landim à Fox Sports durante a campanha. "O exemplo vem de cima, a cobrança vem de cima", disse.
Na entrevista, ele criticava a gestão do antecessor e ex-aliado Eduardo Bandeira de Mello pela falta de títulos do clube, apesar dos elevados investimentos. "O que vai mudar [na gestão] sou eu, é a minha cara. Eu vou cobrar", afirmou, em referência ao desempenho do futebol.
Na única vez em que respondeu perguntas da imprensa após a tragédia, no último domingo (24), porém, Landim a classificou como "fatalidade". Nos primeiros dias, o time se limitou a comunicações por notas e pronunciamentos.
"Não tenho dúvida de que foi uma fatalidade. Não posso imaginar que alguma coisa poderia ter sido feita e o Flamengo não fez porque não ligou, porque achou que não tinha importância", disse o dirigente flamenguista, que pediu licença do cargo na última sexta-feira (1º) para uma "viagem particular" -ficará ausente do clube até o dia 16.
O centro de treinamento, que não tinha autorização da prefeitura nem certificado do Corpo de Bombeiros, foi interditado na quarta-feira (27).
O mandato de Landim começou, de fato, no dia 1º de janeiro. Ele participou, porém, do grupo de empresários e executivos que se mobilizou no início da década para tentar profissionalizar a gestão e sanear as contas do clube.
Foi diretor na primeira gestão Bandeira de Mello, entre 2013 e 2015, mas passou para a oposição após divergências com o ex-aliado.
Engenheiro formado na UFRJ -e atleta da seleção de futebol da universidade- Landim fez carreira na Petrobras. Em 2000, foi convocado nas férias para assumir a gestão da crise do vazamento de 1,3 milhão de litros de petróleo na Baía de Guanabara.
O trabalho agradou ao comando da empresa e, em 2003, no início do primeiro mandato de Lula, Landim foi nomeado para presidir a BR Distribuidora, maior subsidiária da estatal. Ele chegou a ser cotado para a presidência da Petrobras, mas perdeu a disputa para Sérgio Gabrielli, indicado do petista Jacques Wagner.
Em 2006, deixou a estatal para se tornar o braço-direito de Eike Batista na criação de empresas de mineração, petróleo e construção naval. Com os bônus milionários que recebeu -o próprio Eike falou em R$ 165 milhões- fundou sua própria petroleira, batizada de Ouro Preto, e uma gestora de investimentos.
Ainda na BR, já confidenciava a pessoas próximas o sonho de participar da gestão do time de coração.
Ele é descrito como um torcedor fanático, do tipo que frequenta estádios e relembra lances históricos em detalhes.
Seu avô, José Ferreira Landim, era um dos grandes beneméritos do clube, título conferido a pessoas que dedicaram sua vida em prol da instituição. Três dos seus tios também têm o título.