Blocos do Rio reuniram mais de 717 mil foliões no segundo dia

Ao longo do dia, muitos blocos bateram recorde de público; o Areia, na orla do Leblon, reuniu 326 mil foliões durante a tarde, quatro vezes o número do ano passado, quando 80 mil pessoas participaram de seu desfile

© Vitor Abdala / Agência Brasil

Brasil CARNAVAL 04/03/19 POR Estadao Conteudo

Mais de 717 mil foliões aproveitaram o segundo dia de carnaval em 67 blocos no Rio de Janeiro, de acordo com levantamento da Riotur. Apesar da incerteza que marcou os dias que antecederam a maior festa popular da cidade, quando agremiações tradicionais tiveram problemas para conseguir patrocínios e as autorizações exigidas pela prefeitura, só a chuva que caiu no fim da tarde deste domingo, 3, conseguiu esfriar - temporariamente - a festa.

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Ao longo do dia, muitos blocos bateram recorde de público. O Areia, na orla do Leblon, reuniu 326 mil foliões durante a tarde, quatro vezes o número do ano passado, quando 80 mil pessoas participaram de seu desfile. Só parou por causa da chuva. Mas também teve bloco de todo tipo: pequeno, com 150 participantes, como o Bloco 10+ malandros; com temática infantil, como o Clubinho do Samba, que reuniu 700 pessoas: e LGBTQ+, como o Abraço do Urso.

O número final da Riotur já considera o Simpatia É Quase Amor, que desfilou na tarde de hoje, pelo trigésimo quinto ano. O bloco tradicional de Ipanema levou às ruas um samba de tom político, com o qual os organizadores defenderam o carnaval carioca. Com o tradicional grito de guerra - "Alô Burguesia de Ipanema!"-, o Simpatia homenageou também o comerciante Alfredinho, dono do bar Bip Bip, em Copacabana, que morreu no sábado. Reduto de sambistas e carnavalescos, o Bip, como é chamado pelos cariocas, foi um dos locais onde o carnaval de rua do Rio renasceu, com Bloco do Bip Bip.

No centro da cidade, a política também deu o tom nas fantasias e no discurso dos organizadores do baile de carnaval do Cordão do Boitatá, que homenageou a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em 14 de março de 2018 com o motorista Anderson Gomes, em crime até hoje sem solução. O músico José Maurício Horta, um dos fundadores do grupo, criticou as restrições impostas pela Prefeitura do Rio, que este ano passou a exigir autorização da Polícia Militar (PM) para os desfiles. Mais de 100 blocos desistiram de sair às ruas.

"Não teve um bloco na cidade que não tenha comido o pão que o diabo amassou para sair este ano", afirmou Horta, num intervalo do show, enquanto integrantes do grupo literalmente passavam o chapéu para recolher dinheiro e ajudar a pagar os custos do baile, logo após os músicos tocarem "Eu quero é botar meu bloco na rua", do cantor e compositor Sérgio Sampaio. A prefeitura argumenta que apenas organizou a festa.

Mas o prefeito Marcelo Crivella não foi o único alvo de quem aproveitou a festa para brincar e protestar. Fantasiado de caixa eletrônico, o professor de geografia Faber Paganoto, de 36 anos, saiu acompanhado de 47 "cheques laranjas" de R$ 2.000, numa alusão aos depósitos frequentes que o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz fazia e recebia para outros funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro quando o senador e filho do presidente Jair Bolsonaro era deputado estadual no Rio. O grupo se organizou pelas redes sociais.

"Joguei a ideia no 'Stories' (espaço para pequenos vídeos no Facebook), e as pessoas foram se juntando", disse Paganoto, explicando que alguns dos 48 foliões nem se conheciam anteriormente.

No início da noite, com vários bairros alagados, muitos foliões permaneceram na rua, em bares ou debaixo de marquises, esperando a chuva, que durou pouco mais de duas horas, passar. O Areia e o Simpatia é Quase Amor interromperam seus desfiles. Na Tijuca, a água também atrapalhou a folia das 1500 pessoas que se reuniam para a Marcha Nerd, na Praça Xavier de Brito, bloco que homenageia o universo Geek, com personagens e músicas de desenhos, séries e filmes. Com informações do Estadão Conteúdo.

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