Estudo: pele de pessoas mais velhas regenera-se com menos cicatrizes

Equipe de estudiosos da Universidade da Pensilvânia descobriu que diminuição de proteína no sangue com o passar da idade faz com que pessoas mais velhas desenvolvam menos cicatrizes do que pessoas mais jovens

© iStock

Lifestyle ESTÉTICA 08/03/19 POR Notícias Ao Minuto

Cicatrizes são algo natural e podem surgir em qualquer pessoa após a interrupção da integridade dos tecidos, ou seja, quando uma célula passa a não encontrar a célula ao lado devido a alguma ferida, por exemplo. Dessa forma, a grande maioria das pessoas possui algum tipo de cicatriz no corpo, seja por causa de cirurgias, acidentes ou até mesmo acne. Porém, um estudo recente publicado na revista médica Cell Reports apontou que a pele de pessoas mais velhas, apesar de curar-se mais devagar, tende a desenvolver menos cicatrizes do que a pele de pessoas mais jovens.

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“Para determinar quais fatores podem influenciar o processo de cicatrização, uma equipe de pesquisadores da Universidade da Pensilvânia realizou vários experimentos com camundongos de diferentes idades. Com isso, descobriram que indivíduos mais velhos possuem uma menor quantidade da proteína SDF1 (fator derivado do estroma da medula óssea), fator importante na regeneração tecidual e mais presente em jovens, o que leva, consequentemente, a cicatrização mais rápida, mais eficiente, mas mais aparente”, explica a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Isaps (International Society of Aesthetic Plastic Surgery).

Para mostrar como a pele de idades distintas se comporta de maneiras diferentes com relação ao processo de cicatrização, os pesquisadores colocaram piercings de orelha de dois milímetros em camundongos de um e 18 meses de idade, o equivalente a 12 e 70 anos de idade em humanos, respectivamente. “Ao observarem a regeneração do tecido, os estudiosos perceberam que enquanto as orelhas dos camundongos mais velhos se curaram normalmente, apresentando folículos pilosos, glândulas sebáceas, gordura subcutânea e pouca cicatriz, as orelhas dos camundongos mais jovens permaneceram com cicatrizes visíveis”, afirma a médica.

Além disso, os pesquisadores também observaram que, após serem realizadas incisões na pele das costas dos camundongos, os animais mais jovens curaram-se apresentando cicatrizes e níveis mais altos de αSMA (actina do músculo liso), um antígeno envolvido no processo de cicatrização. Em contrapartida, os ratos mais velhos tiveram menos cicatrizes e níveis mais baixos da substância. “Neste teste os estudiosos também constataram a diferença entre o tempo de cicatrização, já que enquanto os camundongos mais jovens atingiram 85% da regeneração total em duas semanas, os animais mais velhos atingiram apenas 30% da regeneração durante o mesmo período”, afirma a cirurgiã.

Por fim, os pesquisadores misturaram o sangue dos ratos jovens e velhos para testar se um fator presente no sangue desempenha papel na cicatrização e regeneração de tecidos. Com isso, observou-se que os camundongos mais velhos passaram a apresentar o processo de cura visto em camundongos mais jovens, com a formação de cicatrizes mais rapidamente e mais aparentes. “Dessa forma, notaram que, de fato, um fator encontrado em maior abundância no sangue jovem, mais especificamente o SDF1, promove a formação de cicatriz e bloqueia a regeneração do tecido da pele em camundongos mais velhos. Logo, concluíram que a supressão dessa proteína no sangue, que ocorre com o avanço da idade, promove a regeneração do tecido com menor formação de cicatrizes”, completa a especialista.

E o melhor é que esta descoberta não se restringe a ratos, podendo ser também aplicada à pele humana, já que, semelhante aos camundongos, a pele de pessoas jovens quando ferida apresenta níveis mais elevados de SDF1 em comparação com a pele de pessoas mais velhas. “Os resultados indicam então que a inibição do SDF1 ou ainda de intermediários entre esta proteína e a pele pode diminuir a formação de cicatrizes em humanos. Porém, mais estudos clínicos são necessários para validar esta descoberta e compreender melhor o impacto deste composto na pele e em outros órgãos”, finaliza a Dra. Beatriz Lassance.

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