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TALITA FERNANDES E RICARDO DELLA COLETTA - BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em seu primeiro evento de entrega de credenciais a embaixadores estrangeiros, o presidente Jair Bolsonaro deixou de lado as críticas que costumava fazer à China e afirmou que irá ao país asiático ainda este ano.
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"Confirmei com o embaixador que faremos uma viagem à China no corrente ano", disse.
Questionado sobre se é possível melhorar a relação com a China, o presidente respondeu de forma afirmativa. "Vai melhorar a relação, nós queremos nos aproximar do mundo todo, ampliar nossos negócios, abrir novas fronteiras, e assim será o nosso governo. Essa foi a diretriz dada a todos os nossos ministros", disse.
Bolsonaro não soube dizer quando fará a viagem, mas sinalizou que deve ser no segundo semestre, por já ter muitos compromissos no exterior nos primeiros meses deste ano.
Ao indicar uma aproximação, o presidente deixa de lado o discurso adotado durante a campanha, de que os chineses estariam "comprando o Brasil".
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A China é o principal parceiro comercial do Brasil. Em 2018, as trocas geraram um saldo positivo de US$ 29,4 bilhões para a balança comercial brasileira.
O presidente entregou nesta sexta-feira (8) a credencial para o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming. Durante a cerimônia, ele disse que "Se Deus quiser estaremos neste ano fazendo uma visita ao seu país".
Bolsonaro também afirmou a Yang que a China "é muito importante para o Brasil" e que seu governo tem um profundo respeito pelo país asiático.
O embaixador disse se sentir muito satisfeito após ter conversado com Bolsonaro e confirmou que o dirigente brasileiro aceitou o convite de visita levado por ele em nome do presidente chinês Xi Jinping.
Xi também confirmou que virá ao Brasil para participar da Cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Questionado sobre se eventuais divergências de Bolsonaro com o governo chinês já haviam sido superadas, o embaixador afirmou ter boa relação com o novo governo do Brasil. "Eu cheguei ao Brasil em dezembro do ano passado e em dois meses me coloquei em amplo contato com todos os funcionários de alto nível de diversos ministérios do novo governo do Brasil e todas as partes manifestaram alto interesse em ampliar a cooperação com a China."
Em março de 2018, quando era pré-candidato à presidência, Jair Bolsonaro havia visitado Taiwan, ilha considerada rebelde por Pequim. O Brasil não tem relações diplomáticas formais com Taiwan porque reconhece desde 1974 que a China tem jurisdição sobre o território. A cooperação se dá através de escritórios econômicos e culturais.
A visita desanimou dirigentes do regime chinês. Em um vídeo gravado durante a visita, Bolsonaro afirmou: "Só o fato de nós termos feito uma viagem pra Israel, Estados Unidos, Japão, Coreia e Taiwan, nós estamos mostrando com quem nós queremos ser amigos".
Em janeiro, uma comitiva de deputados e senadores do PSL esteve na China, com as despesas pagas pelo governo chinês, para conhecer o sistema de reconhecimento facial usado pelo regime de Xi Jinping.
A tecnologia é usada em locais públicos do país asiático para auxiliar as forças de segurança pública no combate ao crime e captura de suspeitos ou foragidos.