© Paulo Whitaker/Reuters
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Aos 81 anos, Lia Maria Aguiar encerrou uma disputa judicial que travava há anos contra o Bradesco, fundado por seu pai, Amador Aguiar. Pelo acordo, ela passa a ser uma acionista direta do segundo maior banco privado do país.
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Segundo comunicado divulgado pelo Bradesco no fim de fevereiro, Lia detinha 6,49% da holding Cidade de Deus, por meio da qual a família Aguiar tem participação no banco.
A herdeira deixa agora de ter uma fatia da empresa e passa a ter ações com direito a voto do Bradesco.
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Como o percentual é inferior a 5%, o valor não foi informado. Para comparação, 5% das ações ordinárias do Bradesco equivalem a cerca de R$ 6,4 bilhões.
A principal disputa contra acionistas do Bradesco, que atingia entre outros Luiz Carlos Trabuco e Lázaro Brandão, respectivamente atual e antigo presidente do conselho do banco, tem relação com um alegado prejuízo causado por decisões tomadas pela administração do banco.
Um dos processos, de 2016, questionava a retenção de dividendos (que remunera o acionista) e também emissões de debêntures feitas pelo banco por meio da NCF, uma das empresas que formam o Bradesco em sua complexa estrutura societária. Destaca-se ainda a Fundação Bradesco, que tem o controle do banco.
Existem ainda outros três casos em que Lia questiona acionistas do Bradesco judicialmente e, em apenas um dos casos, o valor do causa somava R$ 60 milhões.
Não foram divulgados detalhes financeiros do acordo firmado entre o banco e Lia para pôr fim à briga na Justiça.
O informe distribuído pelo Bradesco diz ainda que a reestruturação societária é para preparar a sucessão patrimonial da filha de Amador Aguiar.
Lia é dona de uma fortuna de US$ 1,5 bilhão (R$ 5,8 bilhões), segundo a lista mais recente da revista Forbes e, sem filhos, anunciou que deixaria sua fortuna para a fundação que carrega seu nome.
Sediada em Campos do Jordão, onde vive a herdeira do Bradesco, a Fundação Lia Maria Aguiar foi criada em 2008. Tem como principais projetos aulas de balé, teatro e música e atende cerca de 400 jovens em seus projetos.
Lia prepara seu legado após outra longa disputa judicial para garantir a herança.
Um mês antes de sua morte, em janeiro 1991, Amador Aguiar assinou um testamento em que deixava toda sua herança a viúva Cleide de Lourdes Campaner Aguiar, em detrimento das filhas, as gêmeas Lia e Lina, e Maria Angela Aguiar Bellizia. As três foram adotadas por Amador.
Cleide e o banqueiro se casaram em regime de separação de bens em 1990.
O documento foi questionado na Justiça até que, em 2011, foi concedido ganho de causa às filhas do banqueiro.
Procurados, Bradesco, os advogados de Lia e a Fundação Lia Maria Aguiar não quiseram se manifestar.