© REUTERS/Amanda Perobelli
GUILHERME SETO - SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - De volta ao cargo de prefeito nesta terça-feira (12) após viagem à Europa, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), disse que vai declarar situação de emergência nas regiões mais atingidas pelas chuvas dos últimos dias na cidade. Criticado por estar em viagem durante os transtornos, Covas também disse que a intensidade da chuva não era previsível.
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Ao todo, 13 pessoas morreram devido aos efeitos da chuva que caiu na Grande São Paulo da noite de domingo (10) ao amanhecer desta segunda (11).
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Covas afirmou que os bairros do Ipiranga e da Vila Prudente farão parte do decreto, que deverá ser publicado amanhã no Diário Oficial do município, mas outras áreas também deverão ser abarcadas.
Ao declarar situação de emergência, a prefeitura dará a possibilidade de que as pessoas saquem quantias de até R$ 6.220 do FGTS, de acordo com lei federal.
Além disso, Covas declarou que solicitará ao governador João Doria (PSDB) a isenção da cobrança das contas de água das pessoas atingidas. Além disso, também manifestou intenção de criar linha de crédito específica para as pessoas atingidas pelo temporal.
Para o prefeito, não houve falta de ação preventiva por parte do poder público. Levantamento da Folha indica que São Paulo gasta menos da metade do seu orçamento com prevenção de cheias.
"Já entregamos, desde janeiro de 2017, três piscinões. Vamos entregar até dezembro de 2020 mais cinco. Estamos em fase de elaboração de projeto executivo de mais três. E estamos em fase de licitação do projeto executivo de mais seis", disse Covas.
"Ainda assim, a quantidade de chuva que tivemos, mesmo que todos os piscinões previstos estivessem prontos, muito provavelmente a gente teria o problema que a gente teve", completou.
A prefeitura estima que até 1.300 famílias tenham sido atingidas pelos efeitos do temporal.
Em viagem Criticado por estar em viagem pessoal no período em que as chuvas devastaram São Paulo, o prefeito Bruno Covas (PSDB) disse que estava em Berlim, na Alemanha, tratando de "assuntos particulares". O tucano disse que o nível de chuvas dos últimos dias não era previsível. Segundo ele, caso fosse possível prever, não teria viajado.
"A cidade de São Paulo, se você me disser em que período do ano não tem problema, eu até poderia me concentrar mais nesse período. No ano passado, em maio, caiu prédio. Em junho, a cidade ficou sem gasolina. Em novembro, caiu viaduto. Uma cidade do tamanho e da proporção de São Paulo sempre vai ter alguma coisa acontecendo. Claro que, mesmo assim, em uma ocorrência como a de ontem, embora não fosse previsível, ainda assim, realmente, não se justifica estar fora da cidade. Se fosse possível prever, certamente eu não estaria [fora da cidade]", disse Covas, em coletiva de imprensa, nesta terça-feira.
Perguntado pela Folha de S.Paulo sobre o motivo de sua viagem, Covas foi irônico e disse que a viagem não tinha relação com problemas de saúde, mas não quis dar mais detalhes.
"Primeiro, vou agradecer a preocupação, estou bem de saúde. Com certeza vocês estavam muito preocupados com isso. Viagem por motivo particular é por motivo particular. Isso está na licença que foi apresentada. Esse é o bom de fazer tudo às claras. Se de repente eu tivesse faltado e não tivesse avisado ninguém que estava fora da cidade, sem sombra de dúvida a quantidade de reclamações teria muito mais razão", afirmou.
Prestes a completar um ano de mandato, Bruno Covas ausentou-se da cidade por 38 dias desde abril de 2018. Desde que entrou na prefeitura, inicialmente como vice-prefeito do tucano João Doria, em janeiro de 2017, esteve viajando por quase 100 dias.
A gestão Covas argumenta que apenas 15 dias foram em viagens pessoais e as demais, a serviço como prefeito, por exemplo, em busca de investimentos para a capital paulista.
Desde que se tornou prefeito, Covas empreendeu viagens profissionais e pessoais. Em julho, por exemplo, participou de curso para líderes globais oferecido pela Fundação Bloomberg. Em outubro, foi ao Japão acompanhar um evento de automobilismo que trouxe para São Paulo. Em agosto, dezembro, janeiro e março, ausentou-se para os assuntos privados.
Covas está à frente do município há 340 dias. Ao todo, a gestão tucana tem 800 dias.
13 mortes na Grande SP
A prefeitura revelou que uma criança de nove anos morreu soterrada após deslizamento de terra no parque São Rafael, na zona leste de São Paulo. Até a noite de segunda-feira (11) havia a informação de que 12 pessoas haviam morrido.
Segundo o coronel José Roberto de Oliveira, secretário municipal de Segurança Urbana, a casa em que residia a criança já havia sido selada anteriormente, mas a família continuou morando no local.
A outra pessoa que faleceu na capital paulista foi um adulto, afogado, na avenida do Estado, zona sul da cidade.
As demais mortes foram em Ribeirão Pires (4), São Caetano do Sul (3), Santo André (2), Embu das Artes (1) e São Bernardo do Campo (1).
Em Ribeirão Pires (Grande SP), uma casa desabou por volta das 23h40 deste domingo e matou quatro pessoas. Outras duas vítimas foram socorridas. A casa está localizada na rua Caiçara, na altura no número 100, no bairro Estância das Rosas.
Em São Caetano, três pessoas morreram afogadas. Dois casos foram registrados na avenida do Estado, após cheia repentina do rio Tamanduateí.
Mais uma pessoa foi vítima de afogamento em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), na avenida Taboão da Serra.
Foram registradas mais mortes em Santo André e na cidade de Embu das Artes. Nesta última, um bebê de um ano morreu após sua casa ser soterrada por um deslizamento de terra.