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MARCELO TOLEDO (FOLHAPRESS) - Dez mandados de prisão preventiva estão sendo cumpridos nesta quarta-feira (13) numa operação que apura um esquema de exploração sexual de transexuais em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo).
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As vítimas eram, conforme a Polícia Federal, o MPT (Ministério Público do Trabalho) e o MPF (Ministério Público Federal), encaminhadas à cidade do interior paulista para se prostituírem, com a promessa de que teriam os corpos transformados e receberiam hospedagem e alimentação. Mas se endividavam com os aliciadores e sofriam castigos, multas e eram até mortas, de acordo com a operação.
A maioria era das regiões Norte e Nordeste do país. Um dos dez alvos de mandados de prisão da operação Cinderela já estava preso devido a outro processo e é investigado pelo desaparecimento de três transexuais -uma delas adolescente-, além de dois homicídios.
Ao chegar a Ribeirão Preto em busca de uma vida melhor, as transexuais iniciavam a atividade já cheias de dívidas. Os valores pagos pelas passagens e os gastos de viagem, adiantados pelos investigados alvo da operação, eram cobrados posteriormente das vítimas.
Na cidade, além de serem exploradas sexualmente e empregadas no mercado do sexo, eram obrigadas a consumir drogas. Cada uma atuava numa região da cidade, definida pelos aliciadores. Com a dependência econômica desses aliciadores, as vítimas passavam a sofrer a transformação do corpo, com a aplicação de silicone industrial e a realização de procedimentos cirúrgicos ilegais. Isso fazia com que a dívida não parasse de crescer.
Quem não pagasse com a prostituição os valores devidos ou desrespeitasse as regras do local em que estava era julgada numa espécie de "tribunal do crime", segundo o MPT, e sofria punições que iam de castigos físicos a multas e confisco de pertences.
Há, ainda conforme o órgão, registro de castigos físicos com pedaços de madeira com pregos e homicídios devido às dívidas, além de suicídio. A ação que resultou na operação teve início quando duas das vítimas conseguiram fugir dos locais em que eram exploradas e fizeram a denúncia.
Além dos 10 mandados de prisão, estão sendo cumpridos outros 18 de busca e apreensão, determinados pela 5ª Vara Federal de Ribeirão Preto. No total, 90 agentes da PF estão nas ruas na manhã desta quarta. Os presos responderão por tráfico de pessoas, redução à condição análoga à de escravo, exercício ilegal da medicina, rufianismo (quando uma pessoa lucra através da exploração de prostituição alheia) e organização criminosa.
Se condenados, as penas podem ultrapassar 34 anos de prisão. A operação está ocorrendo em diversas regiões da cidade, como nos bairros Salgado Filho e Quintino Facci 1, na zona norte -ponto mais frequente de prostituição em Ribeirão, 24 horas por dia.