© Ueslei Marcelino/Reuters
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os autores do massacre na escola estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, Grande São Paulo, na quarta-feira (13), compraram armas brancas e outros objetos usados no dia do ataque na plataforma Mercado Livre, que agrega diversos vendedores.
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A polícia incluiu os recibos entre o material apreendido. Nele, também há alvos onde os autores do crime praticaram tiro e uma fantasia de personagem de quadrinhos que representa a morte. A lista traz uma embalagem com etiqueta do Mercado Livre referente à compra de um arco e flecha (os criminosos usaram uma besta, espécie de arco, durante o crime).
Ao menos quatro comprovantes de pagamento do site de vendas online foram achados. A plataforma afirmou lamentar o episódio e que vai colaborar com as autoridades. Entre as armas brancas encontradas, além do arco, está uma machadinha e um machado, um deles usado para atacar alunos da escola, além de jet loaders (objeto para recarregar o revólver calibre 38).
A venda dessas armas não é ilegal, mas a de jet loaders é regulamentada por lei. Há ao menos 11 telefones celulares, quase todos relacionados a Guilherme. O material inclui uma série de acessórios: bandana de caveira, luvas e coturnos militares. Também há uma peça de um personagem de quadrinho em que um caderno tem o poder de matar as pessoas cujos nomes foram escritos nele.
Além disso, há um caderno de capa dura com anotações de Guilherme. O material deve ser analisado pela polícia. O Mercado Livre emitiu nota afirmando que "compartilha da indignação e da tristeza diante do massacre. "Consternados com a informação de que itens utilizados nesta ação poderiam ter sido adquiridos em nossa plataforma, fizemos contato com as autoridades policiais e colocamo-nos à disposição para colaborar com a investigação", afirma o comunicado.
O site afirmou repudiar o uso ilícito desses equipamentos. Segundo a empresa, os termos e condições de uso do site estão de acordo com a legislação brasileira e os anúncios trazem um botão de denúncia -todas são analisadas e se houver infração o anúncio é removido.
Armas como a besta podem disparar setas com velocidade de até 400 km/h, e são encontradas facilmente à venda na internet. Os valores vão de pouco mais de R$ 100 até R$ 3.000, para os modelos mais sofisticados. Machadinhas usadas por militares também são facilmente adquiridas em lojas virtuais.
A atividade da dupla na internet também é investigada pela Promotoria. Computadores foram apreendidos e apura-se se os dois participavam de grupos de discussão ligados a terroristas na chamada internet profunda, em que a troca de mensagens ocorre sob pesada criptografia, sem acesso por sites de busca e com monitoramento mais difícil.
"Não podemos descartar nenhuma área de investigação, e devemos traçar medidas preventivas para que esse tipo de crime não volte a ocorrer", disse o procurador-geral do estado, Gianpaolo Poggio Smanio.