Escolas discutem massacre de Suzano em sala de aula

O massacre que deixou dez mortos fez com que escolas públicas e particulares se mobilizassem para pensar em práticas pedagógicas e medidas de segurança para tranquilizar alunos, pais e educadores

© Ueslei Marcelino/Reuters

Brasil reflexão 15/03/19 POR Estadao Conteudo

"Os alunos chegaram na escola com a tragédia de Suzano em mente. Nós, professores e funcionários, também. Juntos, temos que encontrar uma forma de lidar com que aconteceu", diz Washington Luis Falcão, diretor do colégio estadual Ângelo Bortolo, na zona norte de São Paulo. O massacre que deixou dez mortos fez com que escolas públicas e particulares se mobilizassem para pensar em práticas pedagógicas e medidas de segurança para tranquilizar alunos, pais e educadores.

PUB

O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, disse na quinta-feira, 14, que os procedimentos de segurança de todas as 5,3 mil escolas da rede serão reavaliados e que já iniciou um mapeamento para identificar as unidades de ensino "mais vulneráveis". A pasta também planeja uma ação para que todos os colégios tenham atividades para discutir o tema em sala de aula. "Precisamos de mais diálogo e conversa", disse Soares.

Na quinta, as aulas na escola Ângelo Bortolo começaram com uma roda de conversa em que os professores perguntaram aos alunos o que sentiram ao saberem das mortes em Suzano. "Percebemos que os alunos têm medo de estar no colégio. Eles sempre pediram e demandaram mais segurança, principalmente no entorno da unidade, mas eles se sentiram ainda mais expostos após esse episódio", conta o diretor.

Depois da conversa inicial, foi proposto aos alunos que pensassem no que falariam para as famílias e alunos envolvidos na tragédia e para que propusessem caminhos para evitar que violências desse tipo ocorram novamente. "Precisamos ajudar esse jovens a entender e expressar seus sentimentos. Eles se sentem sozinhos, esquecidos, especialmente os adolescentes da periferia. Temos de mostrar que não estão. Essa é a única forma de evitarmos massacres como este", diz Falcão.

Cláudio Oliveira, orientador do colégio Humboldt, em Interlagos, na zona sul, disse que vários professores já o procuraram para informar que querem trabalhar o episódio em sala de aula para sensibilizar os estudantes. "Uma situação de extrema violência como a que vimos pode suscitar diversas discussões: bullying, isolamento, depressão, doenças psiquiátricas. Não podemos nos furtar do debate dessas questões e esse episódio nos dá a oportunidade de abordá-las", afirmou.

Maria Zélia Miceli, gestora dos colégios Santa Amália, na Saúde e no Tatuapé, zonas sul e leste da capital, contou que, ainda no dia do ataque, foi procurada por pais de alunos preocupados com os protocolos e instrumentos de segurança das unidades. "Eles não estavam desesperados, mas queriam se certificar de que os filhos estão em ambiente seguro. Perguntavam, por exemplo, como é o registro de entrada e saída de pessoas da escola, até que horas o portão fica aberto, quem vigia."

Ela explicou que tranquilizou os pais quanto à eficiência da segurança da unidade e ainda reforçou que a questão vai além. "A única forma de garantirmos que a violência não vai adentrar os nossos muros é preparar os alunos para viver em harmonia e com respeito", disse.

Arthur Fonseca, presidente da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar) e diretor do colégio Uirapuru, em Sorocaba, disse ter recebido e-mails de pais preocupados com a segurança dos filhos. Para ele, a orientação para os colégios é de que não tentem esconder ou evitar o assunto com os estudantes e as famílias. Também lembrou que o episódio é uma oportunidade para repensar as medidas de segurança, avaliar se há alguma fragilidade e revisar procedimentos já adotados.

Armas

O secretário estadual também refutou a ideia de dar armas a professores para resolver a violência escolar. "Colocar arma na mão do professor pode ter determinada reação e muitas vezes nem sempre a melhor reação. É uma opinião pessoal, sem ser especialista. Não acho que mais armas vão resolver os problemas."

Na terça-feira, o senador Major Olímpio (PSL-SP) defendeu o decreto que flexibiliza a posse de armas no País. Segundo ele, se algum funcionário do colégio estivesse armado, a tragédia poderia ter sido menor. O presidente americano Donald Trump também já defendeu treinar e armar professores para evitar massacres em escolas.

"Tivemos tragédias desse tipo dentro de igreja e cinema. Vamos ter de colocar arma na mão do padre e do cara que controla a entrada no cinema?", questionou Soares.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Luto Há 19 Horas

Morre o cantor Agnaldo Rayol, aos 86 anos

esporte Peru Há 22 Horas

Tragédia no Peru: relâmpago mata jogador e fere quatro durante jogo

mundo Loteria Há 22 Horas

Homem fica milionário depois de se esquecer do almoço em casa: "Surpreso"

fama Televisão Há 20 Horas

'Pensava que ia me aposentar lá', diz Cléber Machado sobre demissão da Globo

politica Tensão Há 22 Horas

Marçal manda Bolsonaro 'cuidar da vida' e diz que o 'pau vai quebrar' se críticas continuarem

lifestyle Alívio Há 22 Horas

Três chás que evitam gases e melhoram a digestão

fama Luto Há 22 Horas

Morre o lendário produtor musical Quincy Jones, aos 91 anos

fama Saúde Há 21 Horas

James van der Beek, de 'Dawson's Creek', afirma estar com câncer colorretal

tech WhatsApp Há 22 Horas

WhatsApp recebe novidade que vai mudar forma como usa o aplicativo

mundo Catástrofe Há 21 Horas

Sobe para 10 o número de mortos após erupção de vulcão na Indonésia