© Alessandro Bianchi/Reuters
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Uma associação de vítimas de pedofilia na França chamou nesta quarta-feira (20) o papa Francisco de "traidor" e "Judas" por não ter aceitado a renúncia do arcebispo de Lyon, cardeal Philippe Barbarin, condenado a seis meses de cadeia por ocultação de casos de abuso sexual.
Os crimes foram cometidos nas décadas de 1970 e 1980 pelo padre Bernard Preynat, e suas vítimas acusam Barbarin de ter ignorado as denúncias contra o sacerdote, apresentadas entre 2014 e 2015.
"Estamos exaustos, é um verdadeiro erro. Temos de lidar com alguém que trai, um Judas. A diferença é que Judas não tinha poderes, ao contrário do Papa, que ainda tem um pouco", disse François Devaux, presidente e fundador da associação "A palavra libertada", que reúne vítimas de Preynat, à rádio France Info.
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"Quando se invoca certos valores e não os respeita, quando se promete instituir tribunais para julgar bispos negligentes, quando se prega tolerância zero e não a aplica, dificilmente se pode definir isso de outro modo. O Papa é totalmente responsável por tudo isso", acrescentou Devaux.
Barbarin foi recebido por Francisco na última segunda-feira (18), 11 dias depois de ter sido condenado a seis meses de prisão por acobertamento de pedofilia. O Pontífice rejeitou a renúncia, mas o deixou "livre" para tomar a melhor decisão para sua arquidiocese.
Dessa forma, o cardeal e arcebispo de Lyon resolveu se afastar por tempo indeterminado. Barbarin, 68 anos, é um dos principais nomes da Igreja Católica na França e já anunciou que pretende recorrer da sentença.
Em fevereiro passado, Francisco presidiu uma cúpula mundial sobre a pedofilia no clero, que prometeu punir bispos omissos. (ANSA)